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Os límicos (em latim limici) foram um povo galaico castrejo que habitou a região do rio Lima, na Galécia. O termo lim parece ser de origem indo-europeia, e pode significar "terreno alagadiço" ou "lodo".
Os límicos foram citados por Plínio, o Velho, em sua História Natural,[1][2] que os menciona entre os equésios e os quaquernos. Ptolemeu, em sua Geographia,[3] coloca-os entre os galaicos brácaros, citando-os entre os bibalos e os gróvios, e indica como sua capital o Fórum Limicoro. Assim mesmo, os límicos estão entre os grupos dedicantes indicados no Padrão dos Povos.[4]
São numerosas as epígrafes em que se citam indivíduos límicos. Em duas lápides honoríficas, conservadas no Museu Arqueológico de Ourense, datadas do início do século II d.C., cita-se a Civitas Limicorum.[5] Esta mesma civitas vem sendo identificada con a Lemica Civitate do Cronicão de Idácio de Chaves.
Ainda que, pelo seu nome, os límicos tenham estado há tempos adscritos ao curso do rio Lima (em galego Limia), as duas lápides honoríficas citadas em cima permitiram a identificação, no final do século XIX, da "Cividade dos Límicos" (Civitas Limicorum), que iguala o Fórum dos Límicos com o castro da Cidá (ou Cibdá), situado no monte do Viso, próximo a Nocelo da Pena, no concelho de Sarreaus, Ourense.[6] Esta relação vem sendo questionada a partir dos achados de duas estátuas em Xinzo de Limia, documentadas por Ferro Couselo no ano de 1972.
Na atualidade a maioria dos estudiosos concordam que o Fórum dos Límicos estaria na zona que ocupa o Barrio de Abaixo do actual Xinzo de Limia, como ficou evidente no curso de extensão universitária de Xinzo de Limia, "A Limia na época galaico-romana", que deu o pontapé inicial ao projecto Arqueogenitio.[7] Deve-se ressaltar que Xinzo de Limia ou Fórum dos Límicos se situa ao pé do rio Lima, num epicentro de estradas da época romana.[8]
O castro romanizado de Nocelo da Pena, afastado das vias de comunicação romanas conhecidas no território límico, teve una existência simultânea às explorações mineiras do lugar. O castro ocupa uma superfície de 3 hectares; o lugar remontaria à Idade do Bronze, com contínua actividade mineira (exploração de estanho), até a época romana, segundo se deduz de achados da década de 1940.[9]
Igualmente importante referir outra antiga cividade[10] castreja de Lanheses (castro romanizado relacionado com as minas de estanho de Cova Alta/Olas e Alto das Mouras, e a mina de ouro de Bouça do Moisés])[11], no lugar do Outeiro[12], com vestígios do século I a.C.[13]. Mais ainda, porque cerca dela foram descobertas algumas pirogas, dessa época e anterior, enterradas na sua margem do rio Lima[14].
Conforme assinalado, os límicos se situavam no curso superior do rio Lima e nos arredores da lagoa de Antela, já seca, numa ampla planície - na realidade uma depressão tectónica - conhecida popularmente como A Limia, e pelos nativos denominada simplesmente de a Veiga, embora alguns autores coloquem a Civitas Limicorum em Nocelo da Pena.[6]
Seguindo o percurso do rio epónimo, na direcção sudoeste, encontrariam-se com os quaquernos; para o Leste os bibalos e os tamaganos.
Um aspecto diferente apresenta a mansão viária nomeada Limia. Com efeito, no Itinerário de Antonino se assinalam, em ordem e marcando as distâncias entre elas, as estações da Via XIX, dita também per loca marítima, isto é, "pelo litoral", entre Bracara Augusta (Braga) e Astúrica Augusta (Astorga). As quatro primeiras são as seguintes:
Tanto Tude como Turoqua estão bem identificadas, correspondendo, respectivamente, hoje, às cidades de Tui e Pontevedra; Burbida corresponde, com certas dúvidas, a Borbén (estas três localidades na província de Pontevedra), e Límia costuma identificar-se com a actual Ponte de Lima, no Norte português - embora deva-se ressaltar que nada tem a ver com a Cidade dos Límicos (Civitas Limicorum), como alguns autores ainda pretendem, sendo simplesmente o nome duma mansão situada num passo do rio Lima, identificando-a, e pertenceria possivelmente ao povo dos seurbos ou dos leunos, conforme a descrição da costa da Galécia feita por Plínio, o Velho,[15] de Norte a Sul.
Pelas fontes epigráficas se conhecem duas centúrias ou castella: Arcuce e Talabrica.
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