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patrimônio localizado no Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
As Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM)[1] foi um grupo empresarial brasileiro, maior da América Latina, com sede no município de São Paulo, capital do estado homônimo, onde empregava cerca de 6% da população. Detinha a quarta maior renda bruta do Brasil e chegou a contar com mais de trinta mil empregados em suas inúmeras unidades espalhadas pelo país.[2][3]
Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo | |
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Antiga sede administrativa da IRFM, atual Prefeitura de São Paulo | |
Empresa de capital fechado | |
Slogan | fides · honor · labor |
Atividade | frigorífica, metalúrgica, têxtil, química, bebidas, navegação, ferroviária, cosmética, eletricidade, comércio, … |
Fundação | 1891 |
Fundador(es) | Francesco Matarazzo |
Sede | São Paulo, São Paulo |
Locais | Jaguariaíva (PR), São Caetano do Sul, João Pessoa (PB), Cataguases (MG) Santa Rosa de Viterbo (SP), São Bernardo do Campo, Antonina (PR), Santa Luzia (MG), Ribeirão Preto (SP), Rio Claro (SP) |
Pessoas-chave | Francisco Matarazzo, Hermelino Matarazzo, Francisco Matarazzo Jr. Maria Pia Matarazzo |
Empregados | c. 30 mil, no auge |
Produtos | macarrão Petybon, Farinha Lili, Sabonete Savage, Sabonete Francis, Sabonete Vilór, |
Seu fundador foi o imigrante italiano Francesco Matarazzo, que se tornou o homem mais rico do país.[4][5][6]
Matarazzo, que foi agricultor em sua terra natal e mascate logo após chegar ao Brasil, iniciou sua vida empresarial com uma pequena casa comercial que vendia banha, em Sorocaba. Na década de 1940, durante seu apogeu, o grupo contava com mais de 350 empresas nos ramos de alimentos, tecidos, bebidas, transportes terrestres e marítimos, portos, ferrovias, estaleiros, metalúrgicas, agricultura, energia, bancos, imóveis e outros.[7]
Ao fim dos anos 1980 pediu concordata, sob o comando de Maria Pia Matarazzo, neta do fundador, indo à falência logo em seguida. A única fábrica que restou do antigo complexo, sobrevivendo ao século XXI, era a de sabonete "Francis", vendida para o grupo Bertin, que por sua vez revendeu a marca para o grupo JBS, dono da Flora Higiene e Limpeza.[8] Detém ainda diversos imóveis e terrenos espalhados pelo país, como também arrenda fábricas de papel, usinas de açúcar e álcool.
Francesco Matarazzo chegou ao Brasil em 1881, fugindo de uma grave crise econômica na Itália. Trazia consigo uma tonelada de banha de porco, seu único capital para iniciar um negócio. Porém, num acidente, todo seu estoque foi parar no fundo mar. Em seguida juntou recursos e no ano de 1883 estabeleceu em Sorocaba a "Casa Matarazzo", um comércio de secos e molhados, que pode ser considerado sua primeira indústria. Lá extraia banha para a venda. Passou então a percorrer cidades no lombo de uma mula, comprando porcos e vendendo banha, item culinário essencial para a época.[9]
Em 1890 mudou-se para a capital e no ano seguinte, com os irmãos Giuseppe e Luigi, Francesco Matarazzo criou a Companhia Matarazzo S.A., que contava com 41 acionistas minoritários, principalmente italianos. A principal atividade da empresa era a importação de farinha de trigo e algodão, dos Estados Unidos.[8]
Com a Guerra Hispano-Americana, em 1898, que envolveu algumas colônias da América Central, a importação de farinha ficou comprometida. Matarazzo passou então a comprar o produto da Argentina. Em seguida, decidiu processar a farinha no Brasil. Com a ajuda de crédito do banco inglês The London and Brazilian Bank (mais tarde Bank of London and South America), ele construiu um moderno moinho em São Paulo, na rua Monsenhor Andrade, no Pari, em 1900.
O Moinho Matarazzo, como passou a ser chamado, era a maior unidade industrial da cidade de São Paulo, que processava 2 500 sacos de farinha por dia, cada um pesando 44 quilos [10]
Logo em seguida, Francesco decidiu fabricar também as latas de embalagem, abrindo uma metalúrgica. Mantendo-se fiel à prática de investir em diversos ramos da cadeia produtiva, criou uma tecelagem de algodão, a partir da seção de sacaria do moinho.[11]
Em 1911, as unidades industriais que atendiam as variadas atividades de Matarazzo se reuniram numa organização formal, nascendo assim a IRFM - Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, uma sociedade anônima. O lema da empresa era Fides, Honor, Labor (Fé, Honra, Trabalho).
O conjunto de indústrias rapidamente obteve grande êxito. Sob o lema de “O bom negócio se faz na compra, e não na venda”,[12] Francesco Matarazzo expandia cada vez mais seu conjunto de unidades fabris e sua gama de produtos.
Em 1920 foi inaugurado o complexo industrial da Água Branca, na Zona Oeste de São Paulo, em uma área com 100 mil metros quadrados. O local caracterizava-se por suas imensas chaminés de tijolos, que podiam ser avistadas a centenas de metros de distância. Este foi o primeiro parque industrial paulista com noção verticalizada de produção.[13]
Ali instalaram-se fábricas de diversos ramos, como serraria, refinaria, destilaria, frigorífico, fábrica de carroças, de sabões, perfumes, adubos e inseticidas, velas, pregos, vilas operárias, armazéns, banco, distribuidora pioneira de filmes, fábrica de licores. Tudo funcionava com a energia de uma usina própria, na Casa do Eletricista e Casa das Caldeiras, únicos edifícios remanescentes até os dias de hoje de todo o complexo industrial.[14][15]
Durante os anos 30, as Indústrias Reunidas Francesco Matarazzo tinham faturamento e alcance colossais. Os produtos do conjunto industrial eram presentes no dia a dia de quase todos os brasileiros. A receita da IRFM era menor apenas do que a do Governo Federal, do Departamento Nacional do Café e do Estado de São Paulo.
Em 1937 teve início a instalação do complexo industrial no município de Marília. A unidade beneficiava algodão e arroz, chegando a empregar em seu período auge, cerca de 400 funcionários. A IRFM teve grande importância no desenvolvimento do então jovem município, que passou a ser conhecido como a "capital da Alta Paulista". O complexo chegou a possuir acesso particular à linha férrea para a carga e descarga de seus produtos. Em 1975, a IRFM foi completamente desativada, tendo parte do conjunto sido tombado pelo Condephaat, em 1992.[16]
Também em 1937 morreu Francesco Matarazzo, dono da quinta maior fortuna do mundo, com patrimônio estimado em 20 bilhões de dólares em valores atualizados.[17]
Quem assumiu o conjunto industrial foi o filho do fundador, Francesco Matarazzo Júnior, ou Conde Chiquinho, como era conhecido, que ficou 40 anos no comando, expandindo ainda mais os ramos de produção das indústrias, inaugurando uma nova era.[18]
Ele construiu fábricas nos ramos de química, alimentos e álcool. Dentre os novos produtos, estavam celulose, celofane, biscoitos, margarina vegetal, sulfeto de carbono, óleo de mamona, inseticidas.[19]
Na década de 60, novas fábricas foram abertas, como perlon, fibras sintéticas, laminados plásticos e fibra de café solúvel. Entretanto, as Indústrias Matarazzo começaram a sentir os primeiros sinais de declínio.[13]
Em 1969, a pressão das empresas multinacionais, que possuíam técnicas de administração e publicidade avançadas, começou a afetar as vendas da IRFM, o que causou o primeiro balanço negativo de toda história da empresa.
Preocupado com os abalos recentes, Francesco Matarazzo Júnior contratou a consultoria internacional Deloitte para melhorar os rumos, mas a ação não deu resultado.
O Conde Chiquinho faleceu em 1977, sendo substituído no comando da empresa por Maria Pia Esmeralda Matarazzo, com 32 anos de idade. As Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo ainda eram o maior conglomerado empresarial do país, e Maria decidiu concentrar a produção nos ramos de maior sucesso: papel, químico e álcool.[20]
Ela fez uma reforma administrativa e iniciou a desativação de antigas unidades que eram deficitárias. Em 1981 todo o setor têxtil da IRFM foi vendido para a empresa Cianê. Entre 1981 e 1983, a situação piorou. Maria enfrentou uma disputa de poder com os irmãos e a arrecadação caiu ainda mais, motivada por seguidos abalos na economia.[13]
Em 1983, o grupo tentou fazer um acordo com 27 empresas para evitar a falência, que foi suspenso pela justiça após dois anos. Afundada em dívidas devido a empréstimos não saldados, a IRFM teve vários prédios penhorados, incluindo todo o parque industrial da Água Branca. Em 1990, todo o complexo químico, localizado em São Caetano do Sul foi desativado. Após dois anos, com a IRFM à beira da falência, Maria Matarazzo, abre mão do controle das principais empresas do grupo, como as Cerâmica Matarazzo, Matarazzo Papéis e Matarazzo Embalagens. Em 2013, a penúltima fábrica foi fechada em São Paulo.[21]
A história das Indústrias Reunidas permaneceu na memória de todos e seus antigos complexos, que encontram-se desativados ou cederam espaço a novos empreendimentos e a projetos culturais, dentre eles:
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