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empresa brasileira Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), foi uma empresa brasileira de pesquisas de mercado, opinião e política.[1][2]
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Fundada e administrada pela família Montenegro ao longo de quase oito décadas de existência,[1] é uma das maiores companhias do seu ramo da América Latina.[3] Atua em estudos e pesquisas sobre opinião pública, intenção de voto, consumo, marca, comportamento e mercado, no Brasil e em mais quatorze países. A reputação da marca IBOPE a tornou uma gíria brasileira e um verbete oficial, como sinônimo de audiência e prestígio.[4]
Em 2014, o grupo estrangeiro Kantar comprou a divisão de mensuração de audiência televisiva e pesquisas de mídia do IBOPE, criando a Kantar Ibope Media.[5][6] Por conta disso, a família Montenegro criou a Ibope Inteligência, divisão que deu continuidade às atividades de pesquisas de opinião e de mercado do antigo Ibope.[1]
Em janeiro de 2021 a empresa encerrou atividades após o fim do contrato de cessão de marca com a Kantar Ibope Media.[1] Executivos remanescentes do Ibope fundaram, então, uma nova empresa de pesquisas, o Ipec.[2][7]
O IBOPE foi criado em 1942 pelo radialista Auricélio Penteado, proprietário da Rádio Kosmos, de São Paulo e por Arnaldo da Rocha e Silva, que posteriormente, também veio a ser um dos fundadores da então conhecida atualmente Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Naquele ano, eles decidiram aplicar no Brasil técnicas de pesquisa aprendidas nos Estados Unidos com George Gallup, fundador do American Institute of Public Opinion, para saber como andava a audiência de sua emissora.
Ao medir a audiência das rádios de São Paulo, Penteado constatou que a Kosmos não estava entre as mais ouvidas. A partir de então, passou a dedicar-se exclusivamente às pesquisas. Em 1950, Penteado deixa a presidência da empresa a cargo de um grupo de diretores.
Em 1977, Paulo de Tarso Montenegro assumiu a presidência da empresa. Um ano depois, convidaria seus filhos, Carlos Augusto Montenegro e Luís Paulo Montenegro, a ingressarem na companhia. A empresa então realizou as primeiras pesquisas de boca de urna, antecipando com extrema precisão o resultado das disputas eleitorais, no final dos anos 1970.
Nos anos 1980, o IBOPE criou a empresa Painel e lançou o Painel Nacional de Consumo (PNC). A empresa passou a utilizar o aparelho people meter, desenvolvido pela empresa inglesa Audits of Great Britain, viabilizando coleta, processamento e entrega dos dados de audiência em tempo real, uma espécie de première mundial.
Na década de 1990, o IBOPE associou-se a empresários no México, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Chile e Argentina. A partir da parceria, deu início ao fornecimento de dados consolidados da América Latina para TV a cabo.
Em homenagem a Paulo de Tarso Montenegro, foi criado, em 2000, o Instituto Paulo Montenegro, uma organização sem fins lucrativos que desenvolve e executa projetos educacionais a partir dos conhecimentos acumulados pelo IBOPE em 69 anos de pesquisa. Seus dois programas –- Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião (Nepso) e Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) - são realizados em parceria com a ONG Ação Educativa, uma das entidades mais respeitadas no Brasil na área educacional.
O IBOPE Media possuía parcerias com a Nielsen Company, para a joint venture IBOPE Nielsen Online, que detalha os hábitos de consumo dos internautas.
Em 2010, a empresa iniciou a atuação no ramo de educação executiva com o lançamento do IBOPE Educação. Em 2011, lançou o IBOPE Ambiental.
O IBOPE também possui participação acionária na Millward Brown do Brasil, uma parceria do IBOPE com a Millward Brown e o Grupo WPP. A Millward Brown do Brasil é a empresa que realiza estudos sob encomenda, voltados para a construção e manutenção de marcas fortes.
Em 2014, teve a divisão de pesquisa de mídia adquirida pelo grupo Kantar, formando a Kantar Ibope Media. Como consequência, mudou seu nome. De "IBOPE" passou a se chamar "IBOPE Inteligência", com o intuito de diferenciar as duas empresas.
O IBOPE foi a primeira empresa do mundo a oferecer o serviço de medição de audiência de TV em tempo real, a partir de 1988, em São Paulo.
Em cada cidade onde é realizada a medição de audiência de TV, o IBOPE sorteia um conjunto de domicílios que representam a população. Com a autorização dos moradores, é instalado um aparelho em cada televisor da casa (people meter), que identifica e registra automaticamente qual canal está sendo assistido.[3][8]
O aparelho envia, pelo sistema de telefonia celular, as informações de todas as mudanças de canais realizadas pelo telespectador para uma central de coleta dos índices que as processa, analisa e distribui para os clientes.[3]
O IBOPE constrói sua amostra com base nos dados do censo demográfico brasileiro, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e nos estudos sociodemográficos do próprio IBOPE.
Atualmente, oito regiões metropolitanas do Brasil contam com o serviço de medição em tempo real: Grande São Paulo (na qual um ponto equivale a 60 mil domicílios), Grande Rio de Janeiro, Grande Belo Horizonte, Grande Porto Alegre, Grande Fortaleza, Grande Curitiba, Distrito Federal e Grande Salvador. Nas regiões metropolitanas da Grande Florianópolis, Grande Recife, Grande Belém, Grande Vitória, Grande Goiânia, Campinas e Manaus, os dados são enviados no dia seguinte. Segundo o próprio Instituto, em 2012 a medição ocorre em quatro mil e duzentos domicílios brasileiros.[9]
O sistema de medição de audiência de televisão em tempo real também é utilizado no Chile, Argentina, Colômbia, Paraguai, Equador, Panamá, Peru e Uruguai.
Durante o apagão que afetou metade do Brasil em 10 de novembro de 2009,[10] o IBOPE enfrentou instabilidade no recebimento de dados dos domicílios pertencentes à amostra de TV na Grande São Paulo. Esse fato criou dificuldades para todos os assinantes do serviço, entre eles a Rede Record, Rede Globo, SBT e grandes agências de comunicação.
O people meter, aparelho que mede em tempo real os números da audiência, parou de funcionar em 22 de novembro de 2009[11] durante uma disputa de audiência entre dois de seus principais clientes: Rede Record e Rede Globo. O atraso na publicação dos dados em tempo real, no dia 22 de novembro de 2009, gerou insatisfação na Rede Record, que reagiu ao apresentar no dia 29 de novembro de 2009, em seu programa Domingo Espetacular, uma matéria colocando em dúvida a credibilidade do Grupo IBOPE em seus negócios.
O Instituto acusou as operadoras de telefonia celular como as responsáveis pela suposta pane no sistema, mas as empresas TIM e Vivo, que prestam o serviço para a empresa de pesquisa, desmentiram o mesmo em nota oficial à Rede Record, que foi a maior prejudicada pelo ocorrido.[12] Desde então, a emissora de televisão determinou em seu departamento de comunicação que não se divulguem mais seus números de audiência.[12]
Mesmo respeitando o direito de manifestação do cliente, o IBOPE discordou das críticas apresentadas, considerando que foi um problema momentâneo. As pesquisas da empresa atendem ao código de autorregulação e de ética da Associação Mundial de Profissionais de Pesquisa, a Esomar - The World Association of Research Professionals,[13] e da ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa.[14]
O IBOPE é a única empresa latino-americana a figurar no ranking norte-americano das 25 maiores organizações globais de pesquisa (Honomichl Top 25 Global Research Organizations).[15]
A empresa também ocupa a quarta colocação no ranking das Transnacionais Brasileiras 2011, da Fundação Dom Cabral, atrás apenas de JBS Friboi, Stefanini e Gerdau, que ocupam as primeiras colocações, respectivamente. No ranking de ativos fora do país, o IBOPE está em terceiro lugar, atrás apenas da Stefanini e da Gerdau. Quando considerado o número de funcionários no exterior, o IBOPE ocupa a segunda posição, atrás do JBS-Friboi.
Já a filial do IBOPE Media, no Rio de Janeiro, é reconhecida com o Prêmio Qualidade Rio (PQRio), na categoria bronze. Outra conquista da empresa foi com sua filial em Brasília, quando ganhou o Prêmio de Competitividade do Sebrae para Micro e Pequenas Empresas, baseado nos critérios do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ).
Na Argentina e na Colômbia, o IBOPE também está sob suspeita, no que diz respeito a sua metodologia de pesquisa. O governo da presidente Cristina Kirchner pretendia lançar um sistema estatal de medição da audiência televisiva do país (similar ao BARB britânico) num claro ataque ao IBOPE, que hoje domina o mercado argentino.[16]
De acordo com o proponente da legislação, Gabriel Mariotto, "todos duvidamos do IBOPE e sabemos que sua medição é manipulada. Eles dizem que tal canal terá a maior audiência para que esse canal tenha uma maior participação na distribuição da publicidade".[16] Segundo ele, o trabalho do IBOPE não é verificado por ninguém, enquanto que a medição do novo instituto deverá ser verificado pelas universidades públicas, o que fará com que a "distribuição da publicidade seja mais equilibrada".[16] Entretanto, o trabalho do IBOPE na área de pesquisa de mídia é auditado por empresas independentes, contratadas por uma comissão formada pelos clientes desse serviço. No Brasil, a auditoria é realizada pela Ernst & Young, a pedido da Comissão Abap-Redes. Já na Argentina, a auditoria é feita pela CCMA (Cámara de Control de Medición de Audiencia).
No México a maior rede televisiva do país, a Televisa, exigiu que o IBOPE trocasse todos os domicílios pesquisados, depois que o ex-diretor geral do IBOPE AGB México se transferiu para a TV Azteca, principal concorrente da Televisa. Após várias reuniões e consultorias com especialistas e auditorias, foi recomendado não realizar a troca dos domicílios, já que foi demonstrado, por meio de auditorias externas, que o painel mantinha sua confidencialidade.[12]
Em 2011, foi anunciado que o Nielsen Ratings passaria a medir audiência televisiva no Brasil, quebrando o monopólio do IBOPE no país.[17][18] Mas em fevereiro de 2012 a empresa teria desistido de medir a audiência no Brasil, assim consolidando o IBOPE como a única empresa que mede audiência televisiva no país.[19][20] Em 2015, entretanto, a empresa alemã GfK lançou seu sistema de medição de audiência, fazendo frente ao IBOPE e revelando divergências de resultados já nas primeiras análises de audiência.[21]
No vernáculo do português brasileiro, remetendo principalmente aos tempos da medição de audiência de TV, “ibope” tornou-se um substantivo comum para expressar a popularidade – não apenas de atividades ligadas à televisão, mas também a celebridades, notícias (sensacionalistas ou não), com a expressão popular “dar ibope” sendo usada para eventos que conseguem captar a atenção do seu público ou do público geral.
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