História genética da Europa
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A história genética da Europa é a área da arqueogenética que estuda a formação, etnogênese e outras informações genéticas específicas sobre as populações nativas da Europa.
A dispersão principal de humanos para fora da África, ocorrida há cerca de 70 mil anos, deu origem a uma linhagem distinta da dos africanos. Há cerca de 50 000 anos esta linhagem primitiva ter-se-á dividido nas linhagens da Eurásia Oriental e Ocidental.[1][2][3][4] Todos os humanos que habitam fora da África possuem um pouco de genética dos neandertais.[5]
Os primeiros humanos modernos na Europa (EEMH em inglês), que viveram há entre 40 e 26 mil anos, no chamado Aurignaciano, ainda eram parte do grupo dos "Eurasiáticos Ocidentais", o qual incluía os primeiros grupos humanos da Ásia Central e do Oriente Médio.[1] A divergência das populações eurasiáticas ocidentais ocorreu durante o Último Máximo Glacial, devido a fatores como a pressão seletiva e o efeito fundador, assim surgindo a linhagem pré-histórica da Europa Ocidental, a dos caçadores-coletores ocidentais (WHG em inglês).[6][7] Estes caçadores-coletores foram substituídos com a chegada dos primeiros agricultores europeus (EEF em inglês), vindos da Anatólia.[8] Na Idade do Bronze, houve outras grandes substituições populacionais na Europa, com as migrações dos proto-indo-europeus, uma população vinda da estepe pôntica, com uma porcentagem significativa de seu material genético oriunda dos Antigos eurasiáticos do Norte (ANE em inglês), uma população da Sibéria e Ásia Central cujos descendentes diretos mais recentes são os indivíduos das Múmias de Tarim, encontrados na região chinesa de Xinjiang.[9][10]
Como resultado das migrações ocorridas entre o Mesolítico e a Idade do Bronze, as populações nativas da Europa modernas se distinguem entre si por possuírem diferentes porcentagens de ancestralidade WHG, EEF e ANE.[11][12][13] As taxas de miscigenação variaram de acordo com o local: no final do Neolítico, a ancestralidade WHG em agricultores na Hungria era de aproximadamente 10%, na Alemanha era de cerca de 25% e na Península Ibérica, tão alta quanto 50%.[11] A contribuição genética dos EEF é mais significativa na Europa Mediterrânea e diminui em direção ao norte e nordeste da Europa, onde a ascendência WHG é mais forte; os sardos são a etnia europeia mais próxima dos primeiros agricultores europeus. A ascendência ANE é encontrada em toda a Europa em porcentagens reduzidas, com máximos de cerca de 20% encontrados em povos bálticos e finlandeses.
A pesquisa sobre a história genética da Europa tornou-se possível na segunda metade do século XX, mas só produziu resultados contundentes preliminares na década de 1990, ainda restritos a estudos dos haplogrupos do DNA mitocondrial e cromossomo Y. O estudo do DNA autossômico tornou-se mais acessível na década de 2000 e, desde meados da década de 2010, resultados de resolução anteriormente inatingível, muitos deles baseados em análises dos genomas antigos completos, foram publicados em ritmo acelerado.[14][15]