Hermafrodita Dormindo é uma antiga escultura de mármore retratando Hermafrodito em tamanho natural deitado num colchão esculpido pelo artista italiano Gian Lorenzo Bernini em 1620. A forma é derivada em parte de antigos retratos de Vênus e de outros nus femininos e parte de retratos feminizadores contemporâneos de Dionísio/Baco. É um tema muitas vezes repetido no período helenístico e na Roma Antiga a julgar pelo número de versões que sobreviveram. Descoberta em Santa Maria della Vittoria, em Roma, o "Hermafrodita Dormindo" foi imediatamente reivindicado pelo cardeal Scipione Borghese e passou para a famosa Coleção Borghese. Conhecido a partir daí como Hermafrodita Borghese, a estátua foi depois vendida para o exército invasor francês e acabou no Louvre, onde está em exposição atualmente.

Factos rápidos Hermofrodita Dormindo ...
Hermofrodita Dormindo
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Hermafrodita Dormindo
Autor Desconhecido
Gian Lorenzo Bernini (colchão)
Data Desconhecido
1620 (colchão)
Técnica Escultura em mármore
Localização Louvre, Paris
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A estátua foi descrita como uma boa cópia primitiva romana de um original em bronze pelo mais recente dos dois escultores helênicos conhecidos como Pólicles (ativo por volta de 155 a.C.).[1] O original em bronze foi mencionado na "História Natural" de Plínio, o Velho.[2]

Cópia original Borghese

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Detalhe do "Hermafrodita Borghese", do Louvre.

A antiga escultura foi descoberta nas primeiras décadas do século XVII no terreno de Santa Maria della Vittoria, perto das Termas de Diocleciano e na área dos antigos Jardins de Salústio. A descoberta foi feita ou durante as escavações para a construção da fundação da igreja (em 1608) ou quando a antiga cerca-viva estava sendo plantada.[3]

A escultura foi apresentada ao cardeal Borghese que, em troca da estátua, entregou à ordem os serviços de seu arquiteto, Giovanni Battista Soria, e pagou pela fachada da igreja, ainda que dezesseis anos depois. Em sua nova Villa Borghese, ele mandou construir uma "Sala do Hermafrodita" só para abrigar a obra.

Em 1620, Gian Lorenzo Bernini, protegido de Scipione, recebeu sessenta scudi para esculpir o colchão sobre o qual se deita o hermafrodita, tão realista que, segundo relatos da época, os visitantes se deitavam sobre ele para experimentá-lo.[4]

A escultura foi comprada em 1807, juntamente com muitas outras peças da Coleção Borghese, do príncipe Camillo Borghese, que era casado com Pauline Bonaparte, e transferida para o Louvre, onde inspirou o poema "Hermafrodita" de Algernon Charles Swinburne.[5]

Cópias antigas

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Hermafrodita Dormindo, Museu Nacional de Roma.

Uma segunda cópia do "Hermafrodita Dormindo" foi encontrada em 1781 e tomou o lugar da original na Galleria Borghese. Uma terceira variante romana foi descoberta em 1880 durante as obras de reunificação da capital no Risorgimento e está hoje em exibição no Museo Palazzo Massimo alle Terme, parte do Museu Nacional de Roma.

Outras cópias antigas estão na Galeria Uffizi, em Florença, nos Museus Vaticanos, no Vaticano, e no Hermitage em São Petersburgo.

Cópias modernas

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Cópia antiga, encontrada em 1781, atualmente no Palazzo Massimo Alle Terme. A diferença principal é a ausência do famoso colchão de Bernini.

Muitas cópias foram produzidas depois do Renascimento, em diversos meios e escalas. Cópias em tamanho real foram produzidas para Filipe IV da Espanha em bronze, encomendadas por Velázquez e atualmente no Museu do Prado, e para Versailles (pelo escultor Martin Carlier, em mármore). A composição claramente influenciou a pintura "Vênus Rokeby" de Velázquez, atualmente em Londres.[6] Uma cópia em bronze, em escala reduzida, feita e assinada por Giovanni Francesco Susini, está atualmente no Metropolitan Museum. Outra versão reduzida, em marfim, obra de François Duquesnoy, foi comprada em Roma por John Evelyn na década de 1640.[7] O artista americano Barry X Ball produziu uma cópia em tamanho natural da versão no Louvre, feita em mármore negro belga em uma base em mármore de Carrara, em 2010.[8]

Referências

  1. Robertson, A History of Greek Art, (1975), vol. I:551-52. (em inglês)
  2. Plínio, Hist. Nat., XXXIV.80.
  3. Segundo os dois relatos contemporâneos anotados em Haskell & Penny 1981:234.
  4. Haskell & Penny, 1981:235.
  5. «Hermafrodita» (em inglês). Consultado em 25 de junho de 2015. Arquivado do original em 17 de março de 2008
  6. Segundo Clark, en The Nude: A Study in Ideal Form. Princeton University Press, 1990. ISBN 0-691-01788-3, a "Vênus Rokeby" "deriva em última instância do Hermafrodita Borghese". Clark, p. 373, nota na página 3. Veja também a entrada em: MacLaren, Neil; revised Braham, Allan. The Spanish School, National Gallery Catalogues. National Gallery, London, 1970. pp. 125–9. ISBN 0-947645-46-2 (em inglês)
  7. Francis Haskell & Nicholas Penny, Taste and the Antique (Yale University Press) 1981, cat. no. 48 (pp 234ff) et passim (em inglês)

Bibliografia

Ligações externas

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