Fraturamento hidráulico
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O fraturamento hidráulico é um método que possibilita a extração de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo. Também é denominado fratura hidráulica, estimulação hidráulica[1] ou pelo termo da língua inglesa fracking. O fracking é também utilizado na produção de energia geotérmica com o objectivo de aumentar a recuperação de fluidos quentes que são posteriormente usados na produção de calor ou eletricidade.
O procedimento consiste na injecção a alta pressão de uma mistura de água, propante (areia ou outros material equivalente) e diversos produtos químicos, com objectivo de ampliar de forma controlada as fraturas e fissuras existentes no substrato rochoso que encerra petróleo e gás natural, normalmente menores que 1mm, permitindo sua saída para a superfície. Este método pode ser usado em poços verticais, inclinados ou horizontais. É, aliás, nos poços horizontais que a recuperação é mais eficaz, pois permite extrair mais óleo e/ou gás.
Estima-se que em 2010 esta técnica estava presente em 60% dos poços de extração em atividade.[2] Devido ao aumento no preço dos combustíveis fósseis, na época, e ao aumento da eficácia do fracking, esta técnica se tornou economicamente rentável e seu uso se ampliou nos últimos anos, em especial nos Estados Unidos.[3][4] Ao longo de 2015, no entanto, houve uma expressiva queda no preço internacional do petróleo. Caso essa tendência de baixa se prolongue, a viabilidade do fraturamento hidráulico pode ser colocada em xeque.[5]
Os defensores do fraturamento hidráulico argumentam sobre os benefícios econômicos das vastas quantidades de hidrocarbonetos antes inacessíveis que esta técnica permite agora extrair.[6][7] Seus opositores assinalam seu impacto ambiental, que inclui a potencial contaminação de aquíferos, consumo de água elevado, poluição do ar, poluição sonora, migração dos gases e produtos químicos empregados para a superfície, contaminação da superfície devido a derramamentos, e os possíveis efeitos nocivos à saúde resultantes disto.[8] Ocorrem também casos de aumento da atividade sísmica, em sua maioria associados ao descarte e à injeção profunda de fluidos durante o fracking.[9] Por esses motivos, o fraturamento hidráulico tem gerado grande controvérsia internacional, sendo estimulado em alguns países[10] enquanto outros impõem moratórias a seu uso ou o tem proibido.[11][12] Países como o Reino Unido recentemente suspenderam sua proibição, optando pela regulamentação em vez da proibição total. A União Europeia iniciou a regulamentação do fraturamento hidráulico.[13]
Apesar das visões positivas, que têm sido intensamente divulgadas pelas companhias de exploração, alegando que os riscos são pequenos e os benefícios são maiores, já existe um amplo consenso científico de que o fraturamento hidráulico oferece grandes riscos ao ambiente e à saúde humana, e os protestos contra seu emprego têm crescido em todo o mundo.[14] Muitos pesquisadores apontam também que o conhecimento sobre o assunto ainda é incompleto, especialmente sobre seus verdadeiros impactos, sistematicamente dissimulados pelo empresariado e grupos de pressão política associados.[10][15][16] A regulamentação ainda é precária ou ineficiente na maioria dos países que empregam esta técnica, as companhias em muitos lugares gozam de isenções ambientais e incentivos fiscais extraordinários e trabalham protegidas por sigilo, e as instâncias oficiais tipicamente não conseguem controlar as operações em todas as instalações de exploração nem supervisionar adequadamente o manejo dos resíduos tóxicos.[15][16] Ao mesmo tempo, um longo elenco de danos ambientais e sanitários localizados e sistêmicos já foi solidamente documentado, confrontando as alegações de que o processo é suficientemente seguro.[14][16][17][18][19][20][21]