Império Romano do Ocidente
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O Império Romano do Ocidente compreende as províncias ocidentais do Império Romano em qualquer época durante a qual foram administradas por uma corte imperial independente; em particular, este termo é usado na historiografia para descrever o período entre os anos 395 e 476, onde havia cortes equivalentes e separadas dividindo a governança do império nas províncias ocidentais e orientais, com uma sucessão imperial distinta. Os termos Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente foram cunhados nos tempos modernos para descrever entidades políticas que eram independentes de fato; os romanos contemporâneos não consideravam o império dividido em dois, mas o viam como um único governo gerido por duas cortes imperiais separadas por questões administrativas. O Império Romano do Ocidente entrou em colapso em 476 e a corte imperial ocidental em Ravena foi formalmente dissolvida por Justiniano em 554. A corte imperial oriental sobreviveu até a queda de Constantinopla em 1453.
Embora o império tivesse passado por períodos com mais de um imperador governando conjuntamente, a visão de que era impossível para um único imperador governar todo o império foi institucionalizada à lei romana pelo imperador Diocleciano após as desastrosas guerras civis e desintegrações da Crise do Terceiro Século. Ele introduziu o sistema da tetrarquia em 286, com dois imperadores intitulados Augusto, um no Oriente e um no Ocidente, cada um com um César nomeado. Embora o sistema tetrárquico tenha entrado em colapso em questão de anos, a divisão administrativa Ocidente-Oriente duraria, de uma forma ou de outra, nos séculos seguintes. Como tal, o Império Romano do Ocidente existiria intermitentemente em vários períodos entre os séculos III e V. Alguns imperadores, como Constantino I e Teodósio I, governaram como o único Augusto em todo o Império Romano. Com a morte de Teodósio I em 395, ele dividiu o império entre seus dois filhos, com Honório como seu sucessor no Ocidente, governando brevemente a partir de Mediolano e depois de Ravena, e Arcádio como seu sucessor no Oriente, governando a partir de Constantinopla.
Em 476, após a Batalha de Ravena, o Exército Romano no Ocidente sofreu uma derrota nas mãos de Odoacro e seus federados germânicos. Odoacro forçou a deposição do imperador Rômulo Augusto e se tornou o primeiro rei da Itália. Em 480, após o assassinato do imperador ocidental Júlio Nepos, o imperador oriental Zenão dissolveu a corte ocidental e se proclamou o único imperador do Império Romano. A data de 476 foi popularizada pelo historiador britânico Edward Gibbon como um evento que demarcou o fim do Império do Ocidente e às vezes é usada para marcar a transição da Antiguidade para a Idade Média. A Itália de Odoacro e os outros reinos bárbaros, muitos deles representando antigos aliados dos romanos ocidentais que haviam recebido terras em troca de assistência militar, manteriam uma pretensão de continuidade romana por meio do uso contínuo dos antigos sistemas administrativos romanos e da subserviência nominal à corte romana no Oriente.
No século VI, o imperador Justiniano I reintroduziu o governo imperial direto em grandes partes do antigo Império Romano do Ocidente, incluindo as regiões prósperas do norte da África, o antigo coração romano da Itália e partes da Hispânia. A instabilidade política nas regiões centrais orientais, combinada com invasões estrangeiras e diferenças religiosas, dificultou os esforços para manter o controle desses territórios e eles foram gradualmente perdidos para sempre. Embora o Império do Oriente mantivesse territórios no sul da Itália até o século XI, a influência que ele exercia sobre a Europa Ocidental havia diminuído significativamente. A coroação papal do rei franco Carlos Magno como imperador romano no ano 800 marcou uma nova linha imperial que evoluiria para o Sacro Império Romano-Germânico, que representou um renascimento do título imperial na Europa Ocidental, mas não foi, em nenhum sentido significativo, uma extensão das tradições ou instituições romanas. O Grande Cisma de 1054 entre as igrejas de Roma e de Constantinopla diminuiu ainda mais qualquer autoridade que o imperador em Constantinopla pudesse esperar exercer no Ocidente.