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O cristianismo esotérico é a dimensão da tradição cristã que se ocupa do campo dos mistérios, da antiga sabedoria e de métodos de realização espiritual destinados àqueles com vocação para aprofundar sua fé. Historicamente, esta dimensão esotérica ortodoxa, que não se afastou dos princípios e diretrizes fundamentais da tradição cristã, manifestou-se em confrarias como a dos Cavaleiros Templários (séculos XII a XIV), dos "Amigos de Deus" (Der Gottesfreund, séculos XIV a XVI) e Fedeli D'Amore (séculos XIII a XV).
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Trata-se de um segmento minoritário, uma vez que não se dirige às massas nem faz proselitismo, e não é estruturado em igrejas, apesar de a maioria dessas correntes possuírem cerimônias e rituais particulares, além daqueles que compartilham com a tradição cristã em geral. A esta dimensão esotérica do Cristianismo pertencem escolas como as citadas acima, que foram lideradas, respectivamente, pelas carismáticas figuras de São Bernardo de Claraval (Templários), Mestre Eckhart (Der Gottesfreund) e Dante Alighieri (Fedeli D'Amore).
Alguns estudiosos modernos acreditam que nos estágios iniciais do cristianismo proto-ortodoxo, um núcleo de ensinamentos orais foi herdado do judaísmo palestino e helenístico. No século IV acreditava-se que formava a base de uma tradição oral secreta que veio a ser chamada de disciplina arcani. Os teólogos tradicionais, no entanto, acreditam que ele continha apenas detalhes litúrgicos e certas outras tradições que permanecem como parte de alguns ramos do cristianismo convencional.[1][2][3][4]
Algumas correntes, como os Fedeli d'Amore, organização esotérica cristã liderada por Dante Alighieri na Idade Média, sustentaram as teses tradicionais cristãs acerca dos mundos post-mortem, como as três moradas do Paraíso, do Purgatório e do Inferno. Outras tendências advogam que se trata de "símbolos", ou, pelo menos, que não sejam eternos. Cada pessoa paga por aquilo que praticou, na exata proporção. A todos é concedida a oportunidade de reencarnação, para o aperfeiçoamento do caráter; e a salvação será dada a toda a humanidade - alguns em mais tempo, outros em menos tempo.[carece de fontes]
Em algumas escolas cristãs esotéricas não existem sacerdotes na hierarquia outras não têm simplesmente hierarquia entre "irmãos". Algumas escolas geralmente se compõem de um ou mais instrutores, mas que não ministram qualquer tipo de sacramento. O único sacramento reconhecido é a chamada iniciação, que pode não ocorrer dentro das escolas, mas, segundo afirmam os cristãos esoteristas, é um processo de ordem espiritual.[carece de fontes]
Algumas escolas sustentam que existem nove iniciações[carece de fontes] menores e quatro iniciações[5] maiores, a Hílica, a Psíquica, a Pneumática e a Gnóstica. Cada nível de iniciação corresponde a um nível de identidade própria e a um elemento e uma descrição gnóstica diferente. Em O Livro do Grande Logos, Jesus oferece aos seus discípulos "os mistérios dos três batismos por água, ar e fogo.[6] O batismo pela água simboliza a transformação da pessoa hílica, que se identifica exclusivamente com o corpo, num iniciado psíquico que se identifica com a personalidade ou a psique. O batismo pelo ar simboliza a transformação do iniciado psíquico num iniciado pneumático que se identifica com o Eu superior. O batismo pelo fogo representa a iniciação final que revela ao iniciado pneumático a sua verdadeira identidade como o Daemon Universal, o Logos, o Cristo em si.
Segundo alguns,[quem?] nas iniciações maiores o homem adquire o poder da magia, tendo, entre outras faculdades, a de falar todos os idiomas como se fosse nativo e constituir um corpo físico sem passar pelo processo de gestação. Nem todas as iniciações aconteceriam numa mesma encarnação, sendo que poderia haver crianças "excepcionais", de inteligência muito acima da média, que já teria sido iniciada em vidas anteriores.[carece de fontes]
Não há proselitismo religioso dentro do cristianismo esotérico. Os membros das escolas cristãs esotéricas, tal como os membros das outras vertentes religiosas esotéricas, entendem que todas as religiões são provenientes de Deus, que as teria apresentado conforme as necessidades espirituais e o nível de evolução de cada povo. Alguns sustentem que o cristianismo é a religião preparada para os mais avançados da humanidade, na escala de evolução espiritual; outros argumentam que isso é um etnocentrismo sem qualquer fundamento. Também não existem impedimentos àqueles que desejarem se converter, desde que a conversão seja por livre e espontânea vontade. Não há juramentos especiais e os convertidos podem livremente manter contato com suas religiões de origem.
O cristianismo esotérico remonta às palavras e ações de Jesus Cristo quando habitou entre os homens, na Palestina do século I. Do ponto de vista histórico, se expressou pelos escritos e exemplos de vida de sábios como João, o Evangelista, Orígenes, Clemente de Alexandria, Dionísio, o Areopagita e Mestre Eckhart, entre outros. Manifestou-se também em escolas exemplares como a dos Templários, dos Fedeli d'Amore, dos "Amigos de Deus" (Gottensfreund, liderados por Eckhart na Alemanha e na Suíça medievais). Outros creem atribuir suas origens aos essénios. Eles são descritos como um terceiro grupo que existiu para além dos outros dois mencionados no Novo Testamento, os hipócritas fariseus e os materialistas saduceus. Os essénios não são mencionados no Novo Testamento e evitavam qualquer referência a si próprios e aos seus métodos de estudo e de adoração. Jesus, de acordo com algumas tradições cristãs esotéricas, foi um elevado iniciado educado pelos essénios, até aos trinta anos de idade, e alcançou um estado muito elevado de desenvolvimento espiritual. É possível que a sua educação haja sido conduzida entre os essénios nazarenos de Monte Carmelo, uma comunidade na zona da Galileia.
Outros creem que a existência histórica de Cristo não é o mais importante, embora não neguem necessariamente a historicidade dos evangelhos, mas a natureza alegórica da sua história não deve ser confundida com a sua historicidade, mas ser entendida nos seus muitos níveis. A história de Jesus,nome construído de forma a igualar em guemátria o número místico 888, pode ser visto como um mito de iniciação mística que conduz à ressurreição espiritual ou como representando o Daemon universal que foi desmembrado e precisa de ser remembrado, etc.
Os ensinamentos ocultos Cristãos referem que a maior fonte viva da tradição Cristã esotérica, no decorrer do desenvolvimento da civilização ocidental, teve início no século XIV com a constituição de uma irmandade secreta de homens santos designada por Ordem Rosa-cruz, que se expôs a si mesma pela primeira vez na profunda obra esotérica Fama Fraternitatis R.C. Esta Ordem abriu a Iniciação nos Mistérios, naquele tempo e nos séculos que se seguiram, aos indivíduos com maior preparação e mérito, qualidades alcançadas por esforço dos próprios. Por volta dessa época começa também a idade da Alquimia, expressando o conhecimentos oculto através de escritos herméticos, do tipo criptográfico, para evitar a perseguição e o mau uso dos ensinamentos sagrados por parte do homem. Nos seus Manifestos do início o século XVII, a Ordem Rosa-cruz menciona "nós reconhecemo-nos verdadeiramente e sinceramente professar Cristo (…) viciamo-nos na verdadeira Filosofia, levamos uma vida Cristã" (in Confessio Fraternitatis, 1615) e estabelece o tempo e o modo como viria a apresentar publicamente ao mundo o seu conhecimento, num esforço para trazer uma "Reforma da Humanidade" através de uma mais avançada fase da religião cristã. O Cristianismo Rosacruz, começado no início do século XX em Monte Ecclesia relaciona-se a si próprio com este renascimento público da ordem.
A teosofia cristã clássica, que precede a Sociedade Teosófica e o martinismo, inclui alquimistas conhecidos, através dos seus escritos, como estando ligados ao movimento rosa-cruz. Entre os cristãos teosofistas encontramos homens letrados como Valentin Weigel, Heinrich Kunrath, Johann Arndt, Johann Georg Gitchel, Jakob Böehme, Gottfried Arnold, Jan Baptist van Helmont, Robert Fludd, John Pordage, Jane Leade, e Pierre Poiret.
Mais tarde, é especialmente reconhecido Emanuel Swedenborg porque uma igreja seguiu os seus ensinamentos desde 1787: a New Church e a Swedenborgian Church of North America. Martines de Pasqually, Louis-Claude de Saint-Martin e Jean-Baptiste Willermoz são três das mais influentes figuras do martinismo, que data do início do século XVII e continua a existir até aos dias de hoje.
Outras perspectivas modernas sobre o cristianismo esotérico incluem a Ordem Hermética da Aurora Dourada e suas principais ramificações, os Builders of the Adytum, a Society of the Inner Light e os Servants of the Light. Paul Foster Case, W. E. Butler, Dion Fortune e Gareth Knight em particular, são autoridades desses ramos que contribuíram para a literatura dedicada a um cristianismo esotérico. Alguns dos modernos neo-templários e neo-essénios são também dignos de nota.
O Caminho ("Ego sum Via, Veritas et Vita"):
O Conhecimento Esotérico (vide Parábola do Semeador):
A Vivência Mística (o coração):
O Estudo Oculto (a mente - vide Venham a mim as criancinhas):
Em segundo lugar, pode se tratar do esoterismo greco-latino incorporado ao cristianismo: pensamos aqui acima de tudo no hermetismo e nas iniciações de ofício. Este esoterismo cosmológico ou alquímico cristianizado era essencialmente vocacional, dado que nem uma ciência, nem uma arte podem ser impostas a todo mundo.
Em terceiro lugar, e antes de tudo, e deixando de lado toda consideração histórica ou literária, podemos e devemos entender por “esoterismo cristão” a verdade pura e simples – verdade metafísica e espiritual – na medida em que ela é expressada ou manifestada mediante os dogmas, rituais e outras formas do cristianismo." (Frithjof Schuon: O Esoterismo como Princípio e como Caminho, pp. 29-30)
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