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uma conferência militar ocorrida na cidade de Carmunto, 11 de novembro de 308 Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A Conferência de Carnunto (em latim: Carnuntum) foi uma conferência militar ocorrida em 11 de novembro de 308 na cidade de Carnunto (atual Petronell-Carnuntum, na Áustria), que à época situava-se na província da Panônia I. Foi convocada pelo imperador sênior do Oriente (augusto) Galério (r. 293–311) como forma de tentar resolver a disputa pelo título de augusto do Ocidente e, por conseguinte, cessar os conflitos em curso desde o ano anterior quando de sua invasão e a anterior de Valério Severo (r. 305–307) à Itália de Magêncio (r. 306–312) e Maximiano (r. 286-308; 310). Nela estiveram presentes Diocleciano (r. 284–305), que estava aposentado desde 305, e Maximiano.
Conferência de Carnunto | |
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Ruínas de Carnunto | |
Participantes | Diocleciano, Galério, Maximiano, Licínio |
Localização | Carnunto, Áustria (antiga Panônia I) |
Data | 11 de novembro de 308 |
Resultado | Inconclusivo |
Segundo deliberado neste encontro, Maximiano seria definitivamente removido de sua posição imperial, Licínio (r. 308–324), um antigo general de Galério, foi nomeado como Augusto do Ocidente e deveria lidar com Magêncio, que fora tratado como usurpador, e Constantino, o Grande (r. 306–337) foi demovido de sua posição de Augusto para César. Essas decisões, contudo, não agradaram a maioria dos monarcas, com Constantino questionando sua despromoção e Maximino Daia (r. 305–313) exigindo alguma promoção. Além disso, Maximino não se contentaria com sua despromoção e ainda tentaria uma última conspiração na corte constantiniana na Gália, enquanto Licínio nada faria nos anos seguintes para deter Magêncio.
Desde 293, o Império Romano está dividido em duas metades, cada qual governada por um Augusto (imperador sênior) e um César (imperador júnior). Em 1 de maio de 305, os augustos Diocleciano (r. 284–305) e Maximiano (r. 285-308; 310) abdicam voluntariamente e seus césares Constâncio Cloro (r. 293–306) e Galério (r. 293–311) foram elevados à posição augustal ocidental e oriental respectivamente,[1] enquanto Valério Severo (r. 305–307) e Maximino Daia (r. 305–313) tornar-se-iam césares do Ocidente e Oriente respectivamente.[2][3][4]
Em 306, o augusto do Ocidente Constâncio Cloro (r. 293–306) falece em Eboraco (atual Iorque, Inglaterra)[5] e seus soldados elevam seu filho Constantino, o Grande (r. 306–337) como seu sucessor.[6] O augusto do Oriente Galério (r. 293–311), no entanto, eleva Valério Severo (r. 305–307) à posição de augusto, pois pelas prerrogativas do sistema tetrárquico vigente, sendo ele o césar ocidental, deveria suceder o augusto morto. Após algumas discussões diplomáticas, Galério demoveu Constantino para a posição de césar, o que ele aceitou, permitindo assim que Severo assumisse sua posição.[7]
Magêncio (r. 306–312), filho de Maximiano (r. 285-308; 310), o augusto antecessor de Constâncio Cloro, com inveja da posição de Constantino, declara-se imperador na Itália com o título de príncipe e chama seu pai da aposentadoria para co-governar consigo. Por 307, ambos sofrem invasões de Valério Severo, que é derrotado e morto, e Galério, que decide retirar-se.[7] Em 308, talvez em abril, Maximiano tentou depor seu filho num fracassado plano, forçando-o a fugir para a corte de Constantino na Gália.[8] Ciente da situação no Ocidente, Galério resolve convocar uma conferência e Maximiano depositou suas esperanças de ascensão nela.[9]
Em 11 de novembro de 308, Galério convocou a Conferência de Carnunto (atual Petronell-Carnuntum, Áustria) para tentar estabilizar a situação nas províncias ocidentais. Na conferência estavam presentes o aposentado imperador Diocleciano, que brevemente retornou à vida pública, Galério e Maximiano. Nela, Maximiano foi forçado a abdicar novamente e Constantino foi demovido para sua antiga posição de César.[7]
Além disso, Licínio, um dos companheiros militares de Galério que estava participando da conferência, foi nomeado Augusto do Ocidente[7] e recebeu as regiões da Trácia, Panônia e Ilíria, bem como a missão de neutralizar Magêncio na Itália.[10] Por fim, os augustos presentes reconstruíram o mitreu de Carnunto e dedicaram-o para os césares ausentes (Constantino e Maximino Daia) e para eles próprios:[11]
“ | D(eo) S(oli) i(nvicto) M(ithrae) Fautori imperii sui Iovii et Herculii religiosissimi Augusti et Caesares Sacrarium restituerunt |
” |
Para o estudioso A. L. Frothingham, tendo em vista que pelo século IV o culto a Mitra e Sol Invicto estava em alta, não é de se estranhar que tenha sido feita uma dedicatória em nome dos imperadores para estes deuses. Segundo ele, isso poderia ser interpretado como uma entrega simbólica do Estado para estes deuses, que a partir desse momento teriam a missão de tutelá-lo e evitar que voltasse ao caos de outrora.[12]
Esse novo sistema não viria a durar muito: Constantino, o Grande recusou-se a aceitar sua despromoção e continuou a estilizar-se como Augusto em sua cunhagem, mesmo com os demais membros da Tetrarquia referindo-se a ele como César. Licínio, por conseguinte, nada fez para remover o usurpador Magêncio do poder e preferiu lidar com os problemas internos e invasões bárbaras nas províncias a ele conferidas.[10] Maximino Daia, por conseguinte, frustrou-se por ter sido desconsiderado como possível ocupante da posição concedida a Licínio, e exigiu de Galério uma promoção. Galério ofereceria chamar Maximino e Constantino "filhos dos Augustos" (em latim: filii Augustorum),[13][14][15][16][17][18][19] um título recusado por ambos; pela primavera de 310, contudo, ambos eram chamados Augustos por Galério.[20][21]
Em 310, aproveitando-se da ausência de Constantino, que estava na fronteira do rio Reno lutando contra invasores francos, Maximiano rebelou-se em Arelate (atual Arles, na França) e tentou tomar sua posição. Ele conseguiria pouca adesão à revolta e logo Constantino ficaria ciente do ocorrido. Constantino dirigiu-se imediatamente para o sul da Gália e pode com facilidade sufocar a revolta, capturando-o e encorajando-o ao suicídio.[9][22][23][24][25] [26][27] No ano seguinte, Magêncio, conclamando vingança pela morte de seu pai, declara guerra a Constantino, que responde com uma invasão ao norte da Itália em 312.[28][29] No mesmo ano, Galério falece e o Império Romano do Oriente é dividido entre Maximino Daia e Licínio que após alguns desentendimentos resolvem assinar a paz por 312 no Bósforo. Ela duraria pouco, com eles declarando guerra um ao outro por 313.[7][30]
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