Central Tejo (conjunto arquitetónico)

Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Central Tejo (conjunto arquitetónico)map

O conjunto arquitectónico da Central Tejo, após as sucessivas transformações e ampliações ao longo dos anos, ainda se mantém num perfeito estado de conservação. Trata-se de um grande complexo fabril da primeira metade do século XX, reaproveitado para fins museológicos. O seu revestimento exterior a tijolo, elemento unificador do conjunto, destaca-o de todos os outros edifícios envolventes e confere-lhe uma estética muito própria. É, no entanto, no seu interior, que se encontra uma estrutura de ferro que suporta todo o edifício - o verdadeiro esqueleto da Central Tejo.

Mais informação Localização, Coordenadas ...
Administração
Localização
Coordenadas
Fechar
Central Tejo (conjunto arquitetónico)

Primitiva Central Tejo

Antes do actual conjunto industrial, existia no mesmo local uma pequena “fábrica de electricidade”, a primitiva Central Tejo, popularmente chamada Central da Junqueira, dada a proximidade à rua com o mesmo nome. Nada resta desse edifício, construído em 1909, baseado no projecto do Engenheiro Lucien Neu e com execução arquitectónica de Charles Vieillard e Fernand Touzet. Possuía uma estética claramente modernista e uma decoração localizada, principalmente, nas suas fachadas norte e sul. Do lado ocidental do edifício principal, existiam ainda três naves industriais que alojavam as caldeiras. Desta antiga central destacavam-se as esbeltas chaminés, uma em tijolo e outra em ferro, com forma tronco-cónica invertida.

As fachadas norte e sul da nave principal, onde se encontravam os geradores, estavam decoradas à semelhança de outras estruturas da arquitectura do ferro, como estações de comboios e mercados, com influências do modernismo, que tinha chegado recentemente a Portugal. Eram divididas em três secções, separadas por pilastras, pequenos frisos dentados que as percorriam horizontalmente e, encimando o conjunto, um grande frontão quebrado. As secções laterais apresentavam dois vãos: o inferior encimado por um lintel, e o superior rematado por um arco rebaixado. A secção central, maior que as laterais, destacava-se pelo seu grande vão que percorria a fachada desde a base até ao topo, entrando mesmo pelo frontão e obrigando-o a elevar-se. No alfiz do arco de volta perfeita, gravado a azulejo, podia ler-se: “1909 / Cªs Reunidas de Gaz e Electricidade / Estação Eléctrica Central Tejo”

Do final do século XIX, são as naves industriais da antiga refinaria de açúcar situada junto à central, propriedade da Companhia de Açúcar de Moçambique. Estas foram adquiridas aquando do início de demolição da primitiva Central Tejo. Trata-se de uma pequena fábrica, sem grande ornamentação, mas com uma forma muito característica. É composta por duas naves longitudinais, com cobertura em forma de serra, uma espécie de torre central que funcionava como silo e quatro naves transversais na parte ocidental, cobertas com telhado de duas águas. Todos os vãos estão protegidos por uma moldura feita em tijolo e são rematados por um arco rebaixado

Actual Central Tejo

Fase de Baixa Pressão

O início da construção do Edifício de Baixa Pressão deu-se em meados da década de 1910, ainda que diversas ampliações tenham sido feitas até 1930. A sua construção é marcada pelo Modernismo. Possui uma estrutura em ferro e está revestido com o característico tijolo, que virá a ser utilizado também no Edifício de Alta Pressão.

A antiga Sala das Caldeiras é composta por quatro naves industriais, três delas iguais e a quarta de maiores dimensões, cobertas por telhados de duas águas, que criam um único espaço diáfano no seu interior. Do lado oriental, e colocadas transversalmente a estas, existem outras duas naves que seguem a mesma estética modernista, ainda que a mais afastada, ou seja, o edifício da subestação, não tenha um telhado de duas águas.

As suas fachadas relativamente baixas destacam-se pelas suas grandes janelas verticais, rematadas com arcos de volta perfeita. Sobre elas, uma espécie de frontão com bordas realçadas e com um lintel fecha-se o espaço. Por debaixo de tudo isto, uma base lisa na qual não se vê o tijolo, decorada com molduras de arcos rebaixados simulando aberturas (algumas delas são realmente vãos), “suporta” todo o resto da fachada.

A fachada da Sala das Máquinas merece uma atenção especial. De todas, é a que apresenta aspectos e motivos decorativos mais modernistas, talvez por estar virada ao rio (no lado sul) e à cidade (no norte), sem no entanto destoar da estética do conjunto. Na sua base encontramos algumas diferenças em relação às outras fachadas, a parede é revestida a pedra lavrada à excepção das camadas inferiores que se encontram no estado tosco e sobre as aberturas em arco, remata uma chave. Já ao nível do revestimento a tijolo, também se apresentam três grandes janelões terminados em arcos de volta perfeita, sendo o central um pouco maior, e uma moldura contínua, com uma chave no topo dos arcos, que atravessa toda a fachada até às laterais do edifício. O topo da fachada, formado também por um frontão quebrado, apresenta molduras decorativas, feitas com tijolo, simulando arcos lombardos. Nos extremos da fachada, pilastras que nascem na sua base, erguem-se até ao frontão, lembrando duas pequenas torres nas fachadas eclesiásticas.

As fachadas longitudinais apresentam uma composição harmónica, com uma divisão em três áreas separadas por grandes pilastras; em cada uma dessas áreas existem três janelões verticais, ornamentados com uma moldura corrida que atravessa toda a lateral. Sobre cada um destes janelões existe uma janela quadrada, numa espécie de friso que encima a lateral do edifício.

Fase de Alta Pressão

No Edifício da Alta Pressão, os motivos decorativos são diferentes dos da Baixa Pressão, onde as influências classicistas, ganham altura e monumentalidade; ainda assim, repete a mesma estética de revestimento a tijolo. No interior, com semelhança ao que acontece na Sala das Caldeiras de Baixa Pressão, a placa que divide os Cinzeiros das Caldeiras está coberta com abobadilhas paralelas de meio vão, sendo a única diferença entre ambas o facto de na Baixa Pressão estas serem de cerâmica e, na Alta Pressão, de Betão armado.

O edifício foi construído na década de 40, com influências clássicas dos palácios renascentistas, reflexo fiel da época e do contexto autoritário que se vivia então em Portugal. A sua estrutura é uma autêntica obra de engenharia; uma obra da arquitectura do ferro, sem paralelo em Lisboa, que suporta não só todo o revestimento a tijolo como também as caldeiras, as chaminés e o depósito de água, situado no topo do edifício. Esteticamente, a fachada segue os modelos de um palácio do renascimento, apresentando-se dividido em base, pilastras e entablamento. O corpo principal apresenta grandes janelões que terminam em arcos de volta perfeita com chave central e contornados por uma moldura que percorre toda a fachada; entre eles encontram-se grandes pilastras que atravessam toda a fachada, desde o fundo da base ao topo do entablamento.

O entablamento superior apresenta dois frisos independentes. O inferior encontra-se decorado com caixotões cegos, marcados por molduras; o superior apresenta a mesma organização, mas com os espaços delineados pelas molduras concretizados em janelas. Na parte mais próxima do Edifício de Baixa Pressão, sobressai uma pequena torre e, acima de tudo o resto no conjunto, as quatro chaminés das caldeiras de Alta Pressão e todo o mecanismo de extracção de fumos e aproveitamento de ar, na base destas.

Assim, a Central Tejo destaca-se de todos os edifícios ao seu redor, não só devido à sua monumentalidade e tamanho mas também pela sua estética ornamental a tijolo, que chega mesmo a tornar difícil acreditar que, em tempos, foi uma fábrica de electricidade.

Ver também

Ligações externas

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Central Tejo (conjunto arquitetónico)

Wikiwand in your browser!

Seamless Wikipedia browsing. On steroids.

Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.

Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.