Império do Brasil
Estado imperial existente na América do Sul de 1822 a 1889 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
O Império do Brasil[3] (denominado pela historiografia também como Brasil Império, Brasil Imperial ou Brasil Monárquico) foi um Estado que existiu no século XIX e que compreendia, aproximadamente, até 1825, o território que forma o Brasil (sem o Acre) e o Uruguai atuais. Seu governo era uma monarquia constitucional parlamentar representativa, com a ascensão ao trono de dois imperadores, Pedro I e seu filho, Pedro II. De uma colônia do Reino de Portugal, o Brasil tornou-se a sede do Império Português em 1808, quando o então Príncipe Regente de Portugal, João VI, reagiu à invasão napoleônica de Portugal estabelecendo a si mesmo e seu governo no Rio de Janeiro. João VI, em decorrência da Revolução do Porto, retornou a Portugal em 1821, deixando seu filho e herdeiro, Pedro, para governar o Reino do Brasil como regente. Em 7 de setembro de 1822, Pedro proclamou a independência do Brasil e foi aclamado em 12 de outubro do mesmo ano como Pedro I, primeiro imperador do Brasil, fato que antecedeu uma guerra contra Portugal, que reconheceu a independência em 1825, com a assinatura do Tratado do Rio de Janeiro.[4] O novo país era vasto, etnicamente diverso, porém pouco povoado.
Império do Brasil | |||||
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Lema nacional Independência ou Morte! | |||||
Hino nacional Hino da Independência do Brasil (1822–1889)
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Mapa diacrônico do Império do Brasil, incluindo a Província Cisplatina. | |||||
Continente | América do Sul | ||||
Capital | Rio de Janeiro 22° 54' S 43° 14' O | ||||
Língua oficial | Português | ||||
Religião | Católica romana[a] | ||||
Governo | Monarquia constitucional parlamentarista[b] | ||||
Imperador | |||||
• 1822–1831 | Pedro I | ||||
• 1840–1889 | Pedro II | ||||
Presidente do Conselho de Ministros | |||||
• 1847 | Visconde de Caravelas (primeiro) | ||||
• 1889 | Visconde de Ouro Preto (último) | ||||
Legislatura | Assembleia Geral[c] | ||||
• Câmara alta | Senado[d] | ||||
• Câmara baixa | Câmara dos Deputados[d] | ||||
Período histórico | Revoluções do Atlântico Era Romântica Realismo/Naturalismo Parnasianismo Belle Époque | ||||
• 9 de janeiro de 1822 | Dia do Fico | ||||
• 7 de setembro de 1822 | Independência do Brasil | ||||
• 12 de outubro de 1822 | Primeiro reinado | ||||
• 7 de abril de 1831 | Abdicação de Pedro I e início do período regencial | ||||
• 23 de julho de 1840 | Segundo reinado | ||||
• 13 de maio de 1888 | Abolição da Escravatura | ||||
• 15 de novembro de 1889 | Proclamação da República | ||||
Área | |||||
• 1889 | 8 337 218 km2 | ||||
População | |||||
• 1823[1] est. | 4 000 000 | ||||
• 1854[1] est. | 7 000 700 | ||||
• 1872[1] est. | 9 930 478 | ||||
• 1889 est. | 14 333 915 | ||||
Dens. pop. | 1,7/km² | ||||
Moeda | Real | ||||
a.↑ Art. 5º: A Religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.[2] b.↑ Art. 2º: O seu território é dividido em Províncias na forma em que atualmente se acha, as quais poderão ser subdivididas, como pedir o bem do Estado.[2] c.↑ Art. 13: O Poder Legislativo é delegado à Assembleia Geral, com a sanção do Imperador.[2] d.↑ Art. 14: A Assembleia Geral compõe-se de duas câmaras: Câmara de Deputados e Câmara de Senadores ou Senado.[2] |
Ao contrário das repúblicas vizinhas hispano-americanas, o Brasil adquiriu estabilidade política, crescimento econômico,[5] liberdade de expressão garantida pela constituição, e respeito pelos direitos de seus súditos, embora com restrições a escravos, sendo estes reconhecidos como propriedades e não como cidadãos. O parlamento bicameral do império era eleito de forma relativamente democrática para a época, assim como as legislaturas provinciais e locais. Devido a isso, surgiu uma longa divergência ideológica entre Pedro I e uma considerável porção do parlamento sobre o papel do monarca no governo. Além disso, a malsucedida Guerra da Cisplatina contra as Províncias Unidas do Rio da Prata em 1828 levou à secessão da província da Cisplatina (atual Uruguai). Em 1826, apesar de seu papel na independência do Brasil, Pedro I tornou-se rei de Portugal (Pedro IV), abdicando imediatamente em favor de sua filha mais velha, Maria II. Dois anos depois, o trono foi usurpado pelo irmão mais novo de Pedro I, Miguel. Incapaz de lidar simultaneamente com os problemas do Brasil e de Portugal, Pedro I abdicou ao trono brasileiro em 7 de abril de 1831 e partiu imediatamente para a Europa para restituir o trono português à sua filha.
O sucessor de Pedro I no Brasil foi seu filho de apenas cinco anos, Pedro II. Sendo ele ainda menor de idade, foi instalada uma regência. O vazio de poder resultante da falta de um monarca ativo como árbitro decisivo das questões políticas levou a uma série de guerras civis regionais entre facções locais. Tendo herdado um império no limiar da desintegração, Pedro II, quando aclamado imperador, conseguiu pacificar e estabilizar o país, que viria a tornar-se uma potência emergente internacional. Sob o reinado de Pedro II, o Brasil foi vitorioso em três conflitos internacionais (a Guerra do Prata, a Guerra do Uruguai e a Guerra do Paraguai) e o império prevaleceu em vários outros conflitos e disputas internacionais e crises internas. Junto à prosperidade e ao desenvolvimento surgiu um fluxo de imigração europeia, incluindo protestantes e judeus, embora o Brasil tenha continuado maciçamente católico. A escravidão, fortemente difundida, foi restringida por sucessivas reformas até sua abolição em 1888. As artes visuais, a literatura e o teatro afloraram neste período. Embora muito influenciados por estilos europeus que variavam do neoclassicismo ao romantismo, cada conceito era adaptado para criar uma cultura genuinamente brasileira.
Após um reinado de 58 anos, em 15 de novembro de 1889, Pedro II foi deposto por um repentino golpe de Estado liderado por uma facção de militares positivistas e civis cujo propósito era a formação de uma república presidencialista, dando início a Primeira República Brasileira.[6]