Boécio
De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Anício Mânlio Torquato Severino Boécio (em latim: Anicius Manlius Torquatus Severinus Boethius, Roma, ca. 480 – Pavia, 524 ou 525), conhecido como Severino Boécio ou simplesmente Boécio, foi um filósofo, poeta, estadista e teólogo romano, cujas obras tiveram uma profunda influência na filosofia cristã do Medievo. Inclui-se entre os fundadores da Escolástica.[1]
Anício Mânlio Severino Boécio | |
---|---|
Magnum opus | A Consolação da Filosofia |
Escola/tradição | Neoplatonismo |
Principais interesses | problema dos universais, teologia, música |
Ideias notáveis | A Roda da Fortuna |
São Severino Boécio | |
---|---|
Ilustração medieval de Boécio | |
Mártir e Padre da Igreja | |
Nascimento | ca. 480 Roma, Itália |
Morte | 524 (44 anos) (ou 525) Pavia, Itália |
Veneração por | Igreja Católica, especialmente na Diocese de Pavia; Igreja Ortodoxa |
Beatificação | 25 de dezembro de 1883 por Leão XIII |
Principal templo | San Pietro in Ciel d'Oro |
Festa litúrgica | 23 de outubro |
Polêmicas | Contra o arianismo |
Portal dos Santos |
O Papa Leão XIII aprovou o culto a Boécio pela Diocese de Pavia, que guarda os seus restos mortais na basílica de San Pietro in Ciel d'Oro e o festeja no dia 23 de outubro.[2]
Boécio notabilizou-se por sua tradução e comentário do Isagoge, de Porfírio, obra que transformou-se num dos textos mais influentes da Filosofia medieval europeia. Traduziu, comentou ou resumiu, entre outras obras dos clássicos gregos, para além do Isagoge de Porfírio e do Organon de Aristóteles, vários tratados sobre matemática, lógica e teologia. Notabilizou-se também como um dos teóricos da música da antiguidade clássica greco-latina, escrevendo a obra De institutione musica, também aparentemente com base em antigos escritos gregos. Sendo senador de Roma, no ano de 510 foi nomeado cônsul e em 520 foi elevado a chefe do governo e dos serviços da corte pelo rei ostrogótico Teodorico, o Grande (r. 474–526). Pouco depois, devido a desacordos políticos e por ter apoiado um senador apontado pelo rei como traidor, foi ele próprio acusado de traição a favor do Império Bizantino e de magia, sendo subsequentemente torturado, condenado à morte e executado. Na prisão, enquanto aguardava sua execução, escreveu De Consolatione Philosophiae (A Consolação da Filosofia), obra que versa, entre outros temas, sobre o conceito de eternidade e na qual o filósofo visa demonstrar que a procura da sabedoria e do amor de Deus é a verdadeira fonte da felicidade humana.
Membro de uma família ligada ao então nascente cristianismo, Boécio é considerado santo pela Igreja Católica Romana (desde 1883)[3][4] e pela Igreja Ortodoxa,[5] pelo seu contributo para a teologia cristã e pelos serviços que prestou aos cristãos, um mártir e um dos Padres da Igreja.