Audiência de segurança de Oppenheimer
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A audiência de segurança de Oppenheimer foi um procedimento de 1954 da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos (AEC) que explorou os antecedentes, ações e associações de Robert Oppenheimer, o cientista americano que chefiou o Laboratório de Los Alamos durante a Segunda Guerra Mundial, onde desempenhou um papel fundamental no Projeto Manhattan que desenvolveu a bomba atômica.
A audiência resultou na revogação da autorização Q de Oppenheimer. Isso marcou o fim de seu relacionamento formal com o governo dos Estados Unidos e gerou considerável controvérsia sobre se o tratamento dado a Oppenheimer era justo ou se era uma expressão do macarthismo anticomunista.
Dúvidas sobre a lealdade de Oppenheimer remontam à década de 1930, quando ele era membro de várias organizações ligadas à frente comunista e tinha associações com membros do Partido Comunista dos Estados Unidos, incluindo sua esposa, irmão e cunhada. Essas associações eram conhecidas pelo Serviço de Contra-Inteligência do Exército, na época em que ele foi nomeado diretor do Laboratório de Los Alamos em 1942 e presidente do influente Comitê Consultivo Geral da AEC em 1947. Nessa gestão Oppenheimer se envolveu em conflitos burocráticos entre o Exército e a Força Aérea sobre os tipos de armas nucleares que o país necessitava, conflitos técnicos entre os cientistas sobre a viabilidade da bomba de hidrogênio e conflitos pessoais com o comissário da AEC, Lewis Strauss.
Os procedimentos foram iniciados depois que Oppenheimer se recusou a abrir mão voluntariamente de sua autorização de segurança enquanto trabalhava como consultor em armas atômicas para o governo, sob um contrato que expiraria no final de junho de 1954. Vários de seus colegas testemunharam nas audiências. Como resultado da decisão, que teve apoio de dois dos três juízes da audiência, ele teve sua autorização de segurança revogada um dia antes do vencimento de seu contrato de consultoria. O painel concluiu que ele era leal e discreto com segredos atômicos, mas não recomendou a reintegração de sua autorização de segurança.
A perda de sua autorização de segurança encerrou o papel de Oppenheimer no governo e na política. Ele se tornou um exilado acadêmico, cortado de sua antiga carreira e do mundo que ajudou a criar. A reputação daqueles que testemunharam contra Oppenheimer também foi manchada, embora a influência política de Oppenheimer tenha sido parcialmente reabilitada pelos presidentes John F. Kennedy e Lyndon B. Johnson. O breve período em que os cientistas eram vistos como uma "classe sacerdotal da política pública" chegou ao fim e a partir daí serviriam ao Estado apenas para oferecer opiniões científicas limitadas. Cientistas que trabalhavam no governo foram informados de que a dissidência não era mais tolerada.
A imparcialidade dos procedimentos tem sido objeto de controvérsia e em 16 de dezembro de 2022, a Secretária de Energia dos Estados Unidos Jennifer Granholm anulou a decisão de 1954, afirmando que ela tinha sido resultado de um "processo falho" e confirmando que Oppenheimer era leal ao país.