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político guineense, primeiro presidente guineense Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Ahmed Sékou Touré (var. Ahmen Seku Ture) (Faranah, 9 de janeiro de 1922 — Cleveland, Ohio, 26 de março de 1984) foi um líder político africano e presidente da República da Guiné de 1958 até sua morte em 1984. Touré foi um dos primeiros nacionalistas guineanos envolvido na libertação do país da França.
Ahmed Sékou Touré | |
---|---|
Presidente da Guiné | |
Período | 2 de outubro de 1958 a 26 de março de 1984 |
Antecessor(a) | Criação do título |
Sucessor(a) | Louis Lansana Beavogui (Interino) Lansana Conté |
Dados pessoais | |
Nascimento | 9 de Janeiro de 1922 Faranah, Guiné |
Morte | 26 de março de 1984 (62 anos) Cleveland, Ohio |
Cônjuge | Andreé Touré |
Partido | RDA |
Religião | Islão |
Chefe da Reunião Democrática Africana (RDA), em 1956 empenhou-se numa luta antifrancesa. Foi o primeiro presidente da República da Guiné após a independência da França em 1958, até 1984.
Em 1961 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz.
Nasceu em 9 de janeiro de 1922, em Faranah, Guiné, e morreu em 26 de março de 1984, em Cleveland, Estados Unidos da América. Foi presidente de Guiné entre 1958 e 1984.
Foi um dos sete filhos que os camponeses Alpha e Aminata Touré possuíram. Era bisneto do notável conquistador e guerreiro Samory Touré, que construiu o império de Uassulu, esse abrangeu os territórios em grande parte do atual Níger, Costa do Marfim, e Mali. O bisavô de Sékou com seu império, ainda obteve parte da Costa do Ouro (atual Gana) e a Libéria – ambos territórios serviram para a obtenção de armas do exército de Uassulu.[1][2]
Foi um dos organizadores da primeira greve com êxito (76 dias) nas colônias francesas do oeste africano. En 1945 foi eleito secretário-geral da União de Trabalhadores das Telecomunicações e ajudou a fundar a Federação de Uniões de Trabalhadores da Guiné, que fez parte da Federação Mundial de Sindicatos da qual chegaria a ser vice-presidente.
Passou da militância sindical à política em 1946, quando Félix Houphouët-Boigny de Costa do Marfim formou o Reagrupamento Democrático Africano. Em 1951 foi eleito para la Assembleia Nacional Francesa, mas não lhe permitiram tomar o seu assento. Reeleito em 1954, foi excluído por segunda vez. Depois de ser eleito presidente da Câmara de Conakry por ampla maioria em 1955, permitiram-lhe finalmente aceder ao seu assento parlamentar na Assembleia Nacional Francesa.
Em finais de 1957 era vice-presidente do Conselho Executivo da Guiné. Quando o Presidente francês Charles de Gaulle propôs em 1958 o referendo nas colónias para criar una comunidade federal ou a independência de cada território, Touré fez campanha pela independência. Em 2 de outubro de 1958, a Guiné declarou-se independente. O governo francês reagiu retirando do país todos os profissionais de nacionalidade francesa e retirando do país todo o material público de transporte.
Maurice Robert, chefe do sector africano do Serviço de Documentação Externa e Contra-Inteligência (SDECE) de 1958 a 1968, explica que:
Tivemos de desestabilizar Sekou Touré, torná-lo vulnerável, impopular e facilitar a tomada de controlo pela oposição. Uma operação desta envergadura envolve várias fases: a recolha e análise de informação, a elaboração de um plano de ação baseado nesta informação, o estudo e implementação de meios logísticos e a adoção de medidas de execução do plano. Com a ajuda dos refugiados guineenses exilados no Senegal, organizámos também maquis da oposição em Fouta-Djalon. A supervisão foi assegurada por peritos franceses em operações clandestinas. Armámos e treinámos estes opositores guineenses para desenvolver um clima de insegurança na Guiné e, se possível, para derrubar Sékou Touré. Entre essas ações desestabilizadoras, posso citar a operação "Persil", por exemplo, que consistiu em introduzir no país uma grande quantidade de notas falsificadas guineenses para desequilibrar a economia.[3]
Ameaçado pelo desastre da economia, Touré procurou apoios no bloco comunista e nas nações ocidentais. Em 1961 incorporou a Guiné no bloco dos não-alinhados.
Ver artigo principal: Política da Guiné
No ano de 1968, Touré foi vítima de uma tentativa de assassinato – o atacante foi linchado no local. Já havia alguns anos, desde a independência da Guiné em outubro de 1958, conspirações contra o novo governo vieram a ocorrer. Em 1960, um grupo de franceses foi expulso da Guiné acusado de tentar liderar uma tentativa de golpe de Estado.[4][5]
Foi ainda no início da década de 1960, que um grupo de professores foram culpados de iniciarem uma revolta que ia contra a ditadura do governo guineense de Sékou, supostamente foram os soviéticos os responsáveis por influenciar tal insurreição. As relações com os soviéticos só voltaram a melhorar em 1962 com a visita de Mikoyan em Conacri. Diante desses fatos, realmente o que é descrito por muitos cientistas políticos e historiadores não é nada mais do que o ocorrido. Anos subsequentes aos acontecimentos, o governo realizou varreduras e demitiu muitos de seus próprios funcionários, aqueles que foram elementos anticolonialistas aliados na era da ocupação francesa, foram notados por Touré conspirando. O caso de Fodéba Keita, um cidadão cultural famoso, também fora do contexto político por inventar a companhia de balé Keita Fodéba, acabou sendo afastado em 1969 e condenado á morte, mais tarde sua pena foi reduzida para prisão perpétua. Os acontecimentos seguintes pesaram de forma decisiva para o modo rígido de governo. Portugal invadiu a costa Guineana em 22 de novembro de 1970 na chamada Operação Mar Verde, Touré condenou á morte 58 cúmplices da invasão, somente 4 acusados foram executados um ano após (1971).[5]
Uma razão possível para tantas aversões e conspirações contra a ditadura – era a incapacidade do governo de integrar a sociedade, a demora para a execução de projetos foi visto como um fruto de corrupção notavelmente percebido por todo o povo guineense e por todo o conselho governamental (alguns desses internos da base).[6]
Após uma abertura de inquérito em setembro de 1971, o governo anunciou que uma nova invasão estava sendo planejada – por mais uma vez Sékou mandou uma centena de guineenses para a prisão, foram submetidos a julgamento 11 membros de seu governo. Ao ano de 1972, procurou estabelecer boas relações com os países africanos, desde a independência da Guiné em Setembro de 1958, a nação estava isolada do cenário Africano. Um ano após, 1973, Sékou acusou o Senegal e a Costa do Marfim de planejarem uma invasão territorial na Guiné. Em diversos momentos desde a soberania da Guiné, elementos de dentro do governo e fiéis para com a pátria, foram submetidas á julgamento – relações mais liberais passaram a quase nem existir por parte dessa gestão.[5]
Em 1975, a Guiné aderiu a Convenção de Lomé e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental. Ainda nesse ano, Sékou proibiu o comércio privado na Guiné – causou durante dois anos (1975-1977) a insatisfação popular e, em meio a toda a desaprovação do povo, as medidas voltaram dentro do tempo citado. Em 1976, um fato até nos dias atuais recordado veio a ocorrer. Sékou Touré demitiu seu membro de governo Diallo Telli; de forma quase compensatória demitiu também todos os membros de sua tribo, a dos fulas. O conselho de direitos humanos da ONU denunciou em 1977-1978 o governo por violação dos direitos humanos, todos as acusações foram negadas – ,o resultado: a ditadura libertou da prisão mais de 1000 prisioneiros e foi autorizado a volta de exilados ao país.[7]
Em 1979, ocorreram fatos consideráveis na gestão do governo. Em Junho, a Guiné recebeu a visita do primeiro presidente francês desde a independência da nação em 1958, Giscard d'Estaing visitou Conacri. O arcebispo de Conacri Raymond-Marie Tchidimbo, foi solto depois de 8 anos em cárcere (1971-1979), o religioso foi acusado de tramar uma conspiração contra o governo na época, logo após a invasão portuguesa. Em Agosto de 1979, viajou para os Estados Unidos em tentativa de melhorar as relações com o bloco ocidental. Ainda em 1979, esteve presente em uma chamada cúpula de reaproximação com os presidentes do Senegal e da Costa do Marfim – foi um meio de reconciliação para com a parte abalada pelo desgaste (acusação, conspiração) anterior.[5][6]
Em Maio de 1980 e em Fevereiro de 1981, Touré sofreu atentados, acabou escapando com vida e íntegro de ambos.[5]
Com todas as tentativas de derrubamento da ditadura, Sékou realizou um verdadeiro ''limpa'' no governo e no exército guineense – eram acusados pessoas da base governista, e de toda a estrutura nacional, perseguições e prisões foram mantidas sob segredo durante o período de governo ditatorial do mandinga.[5]
Ainda sob sua gestão, em 1982 foi inaugurada a Grande Mesquita de Conacri – a maior da África Subsariana e a quarta maior da África. O rei Fahd da Arábia Saudita contribui com uma fatia considerável no orçamento. Os corpos de Samory Touré, Alfa Yaya e do próprio Ahmed Sékou Touré estão sepultados dentro da mesquita de Conacri.[8]
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