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Organização europeia dedicada à exploração espacial Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A Agência Espacial Europeia (em francês: Agence spatiale européenne - ASE; em inglês: European Space Agency - ESA) é uma organização intergovernamental dedicada à exploração espacial, com 22 estados-membros, incluindo Portugal. Fundada em 1975 e com sede em Paris, na França, a ESA tem uma equipe de mais de duas mil pessoas, com um orçamento anual de cerca de 4,28 mil milhões de euros, ou 5,51 mil milhões de dólares (2013).[2]
Logo | |
Sede da ESA em Paris | |
Tipo | Agência espacial |
Fundação | 1975 (49 anos) |
Sede | Paris, França |
Membros | |
Línguas oficiais | francês, inglês e alemão[1] |
Diretor-geral | Josef Aschbacher |
Sítio oficial | www |
Entre os programas da ESA estão voos espaciais tripulados, principalmente através da participação na Estação Espacial Internacional, o lançamento e operação de missões de exploração não-tripuladas para outros planetas e para a Lua, a observação da Terra, a ciência, as telecomunicações, bem como a manutenção do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, além da conceção de veículos de lançamento. O Ariane 5 (o principal veículo de lançamento europeu) é operado através da Arianespace.
As missões científicas da ESA são baseadas no ESTEC, em Noordwijk, Países Baixos, as missões de observação da Terra na ESRIN em Frascati, Itália, o Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) está em Darmstadt, Alemanha, o EAC, que treina astronautas para missões futuras, localiza-se em Colónia, Alemanha, e o Centro Europeu de Astronomia Espacial está localizado em Madrid, Espanha.
Após a Segunda Guerra Mundial, muitos cientistas europeus deixaram a Europa Ocidental para trabalhar nos Estados Unidos. Embora o crescimento económico dos anos 1950 tenha possibilitado que países da Europa Ocidental investissem em investigação e especificamente em atividades relacionadas com o espaço, os cientistas europeus perceberam que projetos exclusivamente nacionais não seriam capazes de competir com os das então duas superpotências principais, Estados Unidos e União Soviética. Em 1958, apenas alguns meses após o choque do Sputnik, Edoardo Amaldi e Pierre Auger, dois membros proeminentes da comunidade científica da Europa Ocidental naquela época, reuniram-se para discutir a fundação de uma agência espacial europeia comum. A reunião teve a participação de representantes científicos de oito países.[3][4]
As nações da Europa Ocidental decidiram então ter duas agências diferentes, um para o desenvolvimento de um sistema de lançamento, a ELDO (Organização Europeia de Desenvolvimento de lançamento), e a precursora da Agência Espacial Europeia, a ESRO (Organização Europeia de Investigação Espacial). A última foi estabelecida em 20 de março 1964, por um acordo assinado em 14 de junho de 1962. De 1968 a 1972, a ESRO lançou sete satélites de investigação.[3][4]
A ESA, na sua forma atual, foi fundada na Convenção da ESA em 1975, quando a ESRO foi fundida à ELDO. A ESA tem 10 Estados-membros fundadores: Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido.[5] Estes assinaram a Convenção da ESA em 1975 e depositaram os instrumentos de ratificação em 1980, quando a Convenção entrou em vigor. Durante este intervalo a agência já funcionava na prática.[1] A ESA lançou a sua primeira grande missão científica em 1975, a COS-B, uma sonda espacial de monitorização das emissões de raios gama no universo.[3][4]
ESA fez uma parceria com a NASA no IUE, primeiro telescópio de alta órbita do mundo, que foi lançado em 1978 e operou com sucesso por 18 anos. Uma série de projetos na órbita da Terra se seguiram e, em 1986, a ESA começou a Giotto, a sua primeira missão no espaço profundo, para estudar os cometas Halley e Grigg-Skjellerup. Hipparcos, uma missão de mapeamento de estrelas, foi lançada em 1989 e na década de 1990 as missões SOHO, Ulysses e o Telescópio Espacial Hubble foram todos feitos em conjunto com a NASA. Entre as missões científicas recentes em cooperação com a NASA estão a sonda espacial Cassini-Huygens, para a qual a ESA contribuiu através da construção da Huygens, o módulo de aterragem em Titã.[3][4]
Como a sucessora da ELDO, a ESA também construiu foguetões para cargas científicas e comerciais. O Ariane 1, lançado em 1979, levou cargas úteis, principalmente comerciais, para a órbita terrestre em 1984. Os próximos dois desenvolvimentos do foguetão Ariane foram estágios intermédios no desenvolvimento de um sistema de lançamento mais avançado, o Ariane 4, que funcionou entre 1988 e 2003.[3][4]
No espaço comercial, inicia na década de 1990. Embora o Ariane 5 tenha sofrido uma falha no seu primeiro voo, desde então está firme no mercado e fortemente competitivo, com 56 lançamentos bem-sucedidos até setembro de 2011. O lançamento do veículo sucessor do Ariane 5, o Ariane 6 já está em a fase de definição e está previsto para entrar em serviço nos anos 2020.[3][4]
O início do novo milénio viu a ESA se tornar, juntamente com agências como NASA, JAXA, ISRO, CSA e Roscosmos, um dos principais participantes da investigação científica espacial. Embora a ESA tenha confiado na cooperação com a NASA nas décadas anteriores, como a Estação Espacial Internacional, especialmente na década de 1990, circunstâncias alteradas (como restrições legais duras à partilha de informações pelos militares dos Estados Unidos) levaram a decisões de confiar mais em si mesma e na cooperação com a Rússia.[6]
A Agência Espacial Europeia é uma organização intergovernamental composta por 22 Estados-membros, entre os quais Portugal.[7] Os países participam em diferentes graus nos programas espaciais obrigatórios (25% do total das despesas em 2008) e nos opcionais (75% do total das despesas em 2008).[8]
O orçamento de 2008 ascendeu de 3 mil milhões de euros para 3,6 mil milhões de euros em 2009.[9] EM 2014, o orçamento total da organização foi de 4,1 mil milhões de euros.[10] As línguas utilizadas são o inglês, francês, alemão, italiano, holandês e espanhol.[1]
A tabela seguinte lista todos os estados-membros e os membros associados, com as datas de ratificação da Convenção ESA e contribuições ao orçamento da ESA em 2015:[2]
Estado-membro | Convenção da ESA | Programa Nacional | Contr. (milhões. €) |
Contr. (%) |
---|---|---|---|---|
Áustria | 30 de dezembro de 1986 | FFG | 51,5 | 1,6% |
Bélgica | 3 de outubro de 1978 | BELSPO | 189,5 | 5,8% |
Chéquia | 12 de novembro de 2008 | Ministério do Transporte | 14,2 | 0,4% |
Dinamarca | 15 de setembro de 1977 | DTU Space | 26,8 | 0,8% |
Estónia | 4 de fevereiro de 2015 | ESO | 0,8 | 0,1% |
Finlândia | 1 de janeiro de 1995 | TEKES | 19,6 | 0,6% |
França | 30 de outubro de 1980 | CNES | 718,2 | 22,2% |
Alemanha | 26 de julho de 1977 | DLR | 797,4 | 24,6% |
Grécia | 9 de março de 2005 | ISARS | 12,1 | 0,4% |
Hungria | 24 de fevereiro de 2015 | HSO | ||
Irlanda | 10 de dezembro de 1980 | EI | 18,0 | 0,6% |
Itália | 20 de fevereiro de 1978 | ASI | 329,9 | 10,2% |
Luxemburgo | 30 de junho de 2005 | Luxinnovation | 23,0 | 0,7% |
Países Baixos | 6 de fevereiro de 1979 | NSO | 74,7 | 2,3% |
Noruega | 30 de dezembro de 1986 | NSC | 59,8 | 1,8% |
Polónia | 19 de novembro de 2012 | POLSA | 30,0 | 0,9% |
Portugal | 14 de novembro de 2000 | FCT | 16,7 | 0,5% |
Roménia | 22 de dezembro de 2011 | ROSA | 25,4 | 0,8% |
Espanha | 7 de fevereiro de 1979 | INTA | 131,7 | 4,1% |
Suécia | 6 de abril de 1976 | SNSB | 80,3 | 2,5% |
Suíça | 19 de novembro de 1976 | SSO | 134,9 | 4,2% |
Reino Unido | 28 de março de 1978 | UKSA | 322,3 | 9,9% |
Outro | — | — | 149,8 | 4,6% |
Membros associados | ||||
Canadá[note 1] | 1 de janeiro de 1979[11] | CSA | 15,5 | 0,5% |
Membros e associados | 3 241,2 | 100% | ||
União Europeia[note 2] | 28 de maio de 2004[13] | ESP | 1 191,7 | 86,5% |
EUMETSAT | — | — | 122,4 | 10,3% |
Outras contribuições | — | — | 38,8 | 3,3% |
Total ESA | 4 433,0 | 136,8% |
A ESA possui uma frota de veículos de lançamento em serviço com os quais compete em todos os setores do mercado de lançamentos. A frota da ESA consiste em três projetos principais de foguetões: Ariane 5, Soyuz-2 e Vega. Os lançamentos de foguetes são efetuados pela Arianespace, que conta com 23 acionistas representantes da indústria que fabrica o Ariane 5 e também do CNES, no Centro Espacial de Kourou na Guiana Francesa. Como muitos satélites de comunicação têm órbitas equatoriais, os lançamentos a partir da Guiana são capazes de levar cargas úteis maiores para o espaço do que os espaçoportos em latitudes mais altas. Além disso, os lançamentos equatoriais dão à nave espacial um 'empurrão' extra de quase 460 m/s devido à maior velocidade de rotação da Terra no equador em comparação com os polos próximos à Terra, onde a velocidade de rotação se aproxima de zero.[14]
O foguetão Ariane 5 é o principal lançador da ESA. Ele está em serviço desde 1997 e substituiu o Ariane 4. Duas variantes diferentes estão em uso. A versão mais pesada e usada, o Ariane 5 ECA, tem capacidade para dois satélites de comunicação de até dez toneladas em GTO. Este falhou durante o seu primeiro voo de teste em 2002, mas desde então fez 82 voos consecutivos com sucesso até uma falha parcial, em janeiro de 2018. A outra versão, o Ariane 5 ES, foi usada para lançar o Veículo de Transferência Automatizado (ATV) para a Estação Espacial Internacional (ISS) e será usado para lançar quatro satélites de navegação Galileo.[15][16]
Em novembro de 2012, a ESA concordou em construir uma variante atualizada chamada Ariane 5 ME (Mid-life Evolution) que aumentaria a capacidade de carga útil para 11,5 toneladas para GTO e apresentaria um segundo estágio reiniciável para permitir missões mais complexas. O Ariane 5 ME estava programado para voar em 2018, mas o projeto foi abandonado em favor do Ariane 6, que deve substituir o Ariane 5 na década de 2020.[17] Os lançadores Ariane 1, 2, 3 e 4 da ESA foram aposentados.
Soyuz-2 (também chamado de Soyuz-ST ou Soyuz-STK) é um lançador de carga útil médio russo (ca. 3 toneladas métricas para GTO) que foi colocado em serviço ESA em outubro de 2011.[18][19] A ESA celebrou uma joint venture de 340 milhões de euros com a Agência Espacial Federal Russa sobre o uso do lançador Soyuz. Segundo o acordo, a agência russa fabrica peças de fogetões Soyuz para a ESA, que são enviadas para a Guiana Francesa para montagem.[6]
A ESA beneficia porque ganha um lançador de carga útil média, complementando a sua frota e economizando nos custos de desenvolvimento. A Rússia beneficia por ter acesso ao local de lançamento de Kourou. Devido à sua proximidade com o equador, o lançamento de Kourou em vez de Baikonur quase duplica a carga útil da Soyuz para GTO (3,0 toneladas contra 1,7 toneladas).[14]
A Soyuz foi lançada pela primeira vez de Kourou em 21 de outubro de 2011 e colocou com sucesso dois satélites Galileo em órbita 23 222 quilómetros de altitude.[18]
O Vega é o foguetão transportador da ESA para pequenos satélites. Desenvolvido por sete membros da ESA liderados pela Itália, é capaz de transportar uma carga útil com uma massa entre 300 e 1500 kg a uma altitude de 700 km, para órbita polar baixa. Seu lançamento inaugural de Kourou foi em 13 de fevereiro de 2012.[20] A Vega começou a exploração comercial completada em dezembro de 2015.[21]
O foguetão tem três estágios de propulsão sólida e um estágio superior de propulsão líquida (o AVUM) para inserção orbital precisa e a capacidade de colocar cargas úteis em órbitas diferentes.[22][23]
Uma versão maior do lançador Vega, Vega-C está em desenvolvimento e o primeiro voo é esperado em junho de 2021. A nova evolução do foguetão incorpora um amplificador de primeiro estágio maior, o P120C substituindo o P80, um Zefiro atualizado (estágio de foguetão) segundo estágio, e o estágio superior AVUM +. Esta nova variante permite cargas úteis únicas maiores, cargas úteis duplas, missões de retorno e capacidades de transferência orbital.[24]
Projetos futuros incluem o demonstrador de tecnologia de motor reutilizável Prometheus, Phoebus (um segundo estágio atualizado para o Ariane 6) e Themis (um primeiro estágio reutilizável).[25][26]
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