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pintor e escritor português (1939-2006) Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Álvaro Carlos Dinis Lapa (Évora, 31 de julho de 1939 — Porto, 11 de fevereiro de 2006) foi um pintor e escritor português. Foi um dos grandes nomes da pintura portuguesa contemporânea.
Álvaro Lapa | |
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Nome completo | Álvaro Carlos Dinis Lapa |
Nascimento | 31 de julho de 1939 Évora |
Morte | 11 de fevereiro de 2006 (66 anos) Porto |
Nacionalidade | Portuguesa |
Ocupação | Pintor e escritor |
Magnum opus | Raso como o chão |
Álvaro Lapa nasce em Évora em 1939. Em 1947, após a prisão do pai e o afastamento da mãe que se vê obrigada a ir trabalhar para o Barreiro levando consigo os 2 filhos mais novos, Álvaro Lapa fica entregue aos cuidados dos seus padrinhos.
Durante a sua formação académica, recebe lições (1950) de António Charrua (1925–2008) para melhorar a sua classificação na disciplina de desenho. É aluno de Vergílio Ferreira (1916–1996) nos 6º e 7º anos (1951 e 1952), o que o vai levar a iniciar-se na escrita de poesia.
Concluído o liceu em 1956, vai para Lisboa continuar os seus estudos na Faculdade de Direito. Publica durante este período um texto sobre Kafka, no Boletim da Associação de Estudantes da Faculdade e participa na “Missão Internacional de Arte” em Évora (1958), promovida por Júlio Resende e apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian. É neste evento que contacta com o expressionismo abstracto, através do artista convidado Theo Appleby.[1][2][3]
Acaba por abandonar o curso de Direito (1960) para ingressar no curso de Filosofia, tendo neste período (1962) viajado até Paris onde contacta com artistas próximos do surrealismo e com a emergente arte americana. É também no ano de 1962 que começa a pintar com o seu amigo Joaquim Bravo (1935–1990).
Ainda em 1962, leciona a disciplina de Português no Ensino Técnico de Estremoz. Conhece António Areal (1928–1978), que o vai influenciar na sua forma de pintar. Casa com uma colega de faculdade, Maria Helena Azevedo e vê nascer Hugo, o seu primeiro filho. Acaba por se ver afastado da função pública em 1963 por suspeita de ser um activista de esquerda.
Em 1964, expõe pela primeira vez individualmente, na Galeria 111, em Lisboa. No ano seguinte nasce o seu filho Frederico e muda-se para Lagos, onde vai viver até 1970, retomando a convivência com o escultor e amigo João Cutileiro (1937–2021).
Nasce, em 1968, a sua filha Sofia e recebe o seu primeiro prémio de pintura (2.º Prémio na Exposição da Queima das Fitas de Coimbra). No ano seguinte nasce o seu quarto filho, Raul.
Tem, com a sua viagem à Escandinávia em 1970, a oportunidade de experimentar novas formas de arte. Um ano depois viaja pela Europa e Norte de África. É neste ano também que se muda para Lisboa e se separa de Maria Helena Azevedo.
Deambulando entre Lagos e Évora, em 1972, escreve o texto “Um pato?” para o catálogo da exposição individual de Joaquim Bravo, na Galeria Quadrante, em Lisboa. No ano seguinte, com passagem por uma crise psíquica grave com internamento em Coimbra, vai encontrar apoio no amigo João Cutileiro. Conhece a pintora Maria José Aguiar (1948– ) que, juntamente com João Cutileiro, o vão incentivar a mudar-se para o Porto onde passa a viver com a pintora.
Em 1974, escreve “Raso como o chão”, que será publicado em 1977 pela Editorial Estampa. Vai também escrever sobre Maria José Aguiar para a sua exposição individual na Galeria Espaço, no Porto. No ano seguinte conclui, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o curso de filosofia e em 1976 obtém uma bolsa da Fundação Gulbenkian. Retorna ao ensino com uma passagem fugaz pelo Ciclo Preparatório, na Póvoa de Varzim, entrando depois como professor assistente na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde vai leccionar a disciplina de Estética.
Fruto da sua relação com Maria José Aguiar, nasce em 1980 a sua filha Violeta, casando-se um ano depois com a pintora.
Conhece em 1983 José Augusto França (1922– ), que vai orientá-lo na sua tese de doutoramento sobre o Surrealismo em Portugal e 1984 conhece António Dacosta (1914–1990).
Em 1998, os “Artistas Unidos”, na antiga fábrica Mundet, no Seixal, estreiam o espectáculo “Mikado”, a partir de textos de Álvaro Lapa, Alberto Cinza e William Burroughs.
A sua única obra de arte pública, é realizada em 2003 para a decoração da estação de metro de Odivelas.
“Álvaro lapa faleceu em Fevereiro de 2006. Deixou a obra de um homem livre e criativo, filósofo de formação e artista autodidacta, que dedicou a sua vida à Pintura e à Arte, duas actividades indissociáveis e complementares na sua obra.”[4]
Álvaro Lapa "assumiu desde sempre, no campo das artes plásticas, uma atitude isolada e autodidacta.
Desde a primeira exposição individual na Galeria 111 em Lisboa, em 1964, a obra de Lapa tem vindo a realizar uma espécie de gestão enigmática das formas, a partir de um oblíquo sistemas de signos, recusando qualquer equilíbrio ou habilidade estética. Este sistema funciona sobretudo como um personalizado e polémico código de escrita, obrigando-nos a ponderar o fascínio das formas dissemelhantes e contíguas, onde o informe, à maneira de Artaud e Bataille, alude a eventuais filiações na pintura abstracto-expressionista tanto europeia como norte-americana — sobretudo Robert Motherwell — e no surrealismo europeu, nomeadamente na tensão narrativa que a desconstrução formal deixa em aberto.
A autonomia dos valores plásticos desta pintura é contrabalançada com a marca indelével da referência autobiográfica a leituras e influências literárias que conduziram, por exemplo, à notável série dos "cadernos", reportados a um conjunto de escritores que constituem, por assim dizer, a biblioteca subversiva de Álvaro Lapa: Rimbaud, Kafka, Henry Miller, James Joyce, William Burroughs, Sade, Michaux, entre outros. Aliás, a técnica do "cut-up" cara aos escritores da "Beat Generation" terá nesta pintura uma influência fecunda no modo como fragmenta ou inviabiliza qualquer possibilidade de leitura semiótica definitiva ou mesmo estabilizada.
A recusa das evidências e das convenções de legibilidade não é um exercício teórico de análise conceptual, mas antes a demanda de uma espécie de autenticidade interior que pudesse formar um idioma próprio, marcado pelo ritmo íntimo.
Neste sentido, a pintura de Álvaro Lapa pode ser situada, exteriormente, no quadro histórico de uma avaliação subversiva da tradição da pintura, cúmplice das escritas clandestinas, ou intimamente, como diário de um universo preso à verdadeira idiossincrasia de um universo pessoal".[5]
Ao longo da sua carreira conquistou várias distinções, nomeadamente o Grande Prémio EDP e teve várias exposições em museus como a Museu de Arte Contemporânea de Serralves.
Há quem defenda que a sua obra é de carácter autobiográfica, não se podendo encaixar num só ou qualquer "ismo". O seu trabalho ao longo dos tempos evidenciou uma forte relação entre a literatura e a pintura. A sua licenciatura em Filosofia talvez em parte justifique esta ligação. Ao longo dos anos Álvaro Lapa, conforme já referido, realizou a sua primeira exposição na Galeria 111, de Manuel de Brito, em Lisboa, manteve actividade constante realizando inúmeras exposições em Portugal e no estrangeiro afirmando-se como um dos pintores mais importantes da segunda metade do século XX.
Raramente deu entrevistas, e às "vernissages" preferia o contacto directo com o público, chega-se a dizer que, foi ele próprio, na década de 70, que vendeu as suas pinturas na antiga Feira da Vandoma, junto à Sé do Porto.
Como escritor, Álvaro Lapa tem uma escrita de entendimento difícil, deixando de parte o leitor habituado a uma leitura de narrativa lógico-concreta.
Em 1976, ingressa como professor na Escola Superior de Belas Artes do Porto onde leccionou disciplinas teóricas como é exemplo a disciplina de Estética. Enquanto professor, tornou-se numa das fortes influências de alguns dos seus alunos que, de uma forma ou de outra, sofreram ascendência da sua pintura.
O seu nome encontra-se na lista de colaboradores da publicação académica Quadrante[6] (1958–1962) publicada pela Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.
Exposições Individuais (selecção)
Exposições Colectivas (selecção)
Presente nas colecções:
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