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A Rainha das Fadas (em inglês The Faerie Queene) é um poema épico alegórico do escritor inglês Edmund Spenser, publicado na década de 1590.
Numa carta sobre o livro endereçada a Walter Raleigh, datada de 1590, Spenser afirma que A Rainha das Fadas deveria abranger 12 livros, cada um dedicado a uma virtude.[1] Porém, destes, apenas seis foram publicados: os três primeiros em 1590 e os três seguintes em 1596. O poeta morreu em 1599, sem terminar os doze livros pensados originalmente, mas não se sabe se sua morte interrompeu seus planos ou se o autor a essa altura havia mudado de opinião sobre a extensão do poema.[1][2]
Na carta a Walter Raleigh (1590), Spenser afirma que seguia os passos da poesia épica clássica de autores como Virgílio e Homero para a obra.[1] Outras fontes de inspiração literária foram o Orlando Furioso de Ludovico Ariosto (1516), a obra do escritor inglês medieval Geoffrey Chaucer e a Bíblia.[3] Na mesma carta a Raleigh, Spenser diz que a ideia d'A Rainha das Fadas era "formar um cavalheiro ou pessoa nobre na disciplina gentil e virtuosa".[2] A obra pode ser, assim, interpretada como tendo função didática.[1][2] Como base "histórica" para o poema, Spenser utilizou o mítico rei Artur, visto pelo poeta como modelo de virtude: Artur é "a imagem do bravo cavaleiro, perfeito nas doze virtudes privadas, como pensado por Aristóteles".[1] A inspiração no passado mítico da Grã-Bretanha deveria tornar os ensinamentos do poema "mais plausíveis e agradáveis".[2]
Cada um dos livros publicados está baseado numa virtude religiosa e cavaleiresca: o Livro I na Santidade, o Livro II na Temperança, o Livro III na Castidade, o Livro IV na Amizade, o Livro V na Justiça, e o Livro VI na Cortesia.[1] Fragmentos de um sétimo livro foram também publicados. Por sua vez, em cada livro há um personagem cavalheiresco que serve de alegoria a cada virtude. No Livro I, por exemplo, o Cavaleiro da Cruz Vermelha (Redcrosse, associado à figura de São Jorge) personifica a Santidade, enquanto que no livro III, a Castidade é personificada por uma figura feminina, Britomart.[1]
A Rainha das Fadas é uma obra alegórica sobre as virtudes, mas também uma alegoria política, em que a "Terra das Fadas" (Faerie Land) representa a Inglaterra e a "Rainha das Fadas" (Faerie Queene) é a rainha Isabel I de Inglaterra,[2] que reinava à época. Também pode ser vista como uma alegoria religiosa, com claras conotações políticas, da disputa entre o Protestantismo inglês e o Catolicismo.[2] A obra foi um sucesso imediato e tornou-se rapidamente a mais importante de Spenser.
Para distinguir sua obra dos épicos renascentistas da época,[2] Spenser criou um tipo de verso que atualmente é conhecido como a "estrofe spenseriana" (spenserian stanza), que consiste em oito versos em pentâmetros iâmbicos (dez sílabas) seguido de um nono verso em hexâmetro iâmbico (doze sílabas).[3] Além da estrutura da estrofe, os versos de Spenser tem um padrão de rimas pouco comum: ababbcbcc. Apesar da sua intrínsica dificuldade, a forma poética d'A Rainha das Fadas foi utilizada por outros poetas de língua inglesa do século XIX, incluindo John Keats, Lord Byron e Percy Bysshe Shelley.[3]
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