Movimento indígena no Brasil
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Movimento indígena refere-se ao conjunto de movimentos sociopolíticos protagonizado pelos indígenas do Brasil, com a colaboração de apoiadores não indígenas, destinado a estabelecer ações e estratégias para reivindicar direitos e reconhecimento historicamente espoliados e negados pelo Estado e pela civilização dominante.
Os povos indígenas sofrem há séculos opressão, perseguição e massacres. Muitos povos e culturas foram dizimados. Despreparados para interagir com a civilização dominante em posição vantajosa, na década de 1970 começou um processo de mobilização e conscientização política com o auxílio de antropólogos, intelectuais, universidades, organizações não-governamentais e a Igreja Católica. Este processo desde então vem sendo construído com um crescente protagonismo, autonomia e empoderamento dos indígenas na definição de prioridades, na articulação do discurso e nas formas de ação a partir de suas próprias experiências, necessidades e visões de mundo, em meio a uma luta constante contra poderosas forças contrárias, experimentando fases de avanço e outras de retrocesso.
As principais reivindicações são relativas à posse da terra, uma vez que já foi reconhecido legalmente o seu direito a elas a partir de sua condição de primeiros ocupantes, e porque a terra para eles é sagrada e elemento essencial para a preservação de seu modo de vida, sua cultura e suas tradições. A mobilização conseguiu a demarcação de uma expressiva área territorial, mas não contemplou todos os povos e a posse frequentemente é contestada e disputada, muitas vezes envolvendo invasões e outras ações violentas, sendo uma questão em perene controvérsia. A identidade étnica e cultural e o direito à diversidade vêm sendo fortalecidos, e também já foram obtidas conquistas em áreas como educação, saúde e inclusividade, mas tipicamente são insuficientes. Apesar dos avanços, os indígenas ainda permanecem em situação de vulnerabilidade, sofrem com o racismo e a discriminação, e estão sempre presentes as ameaças de aculturação, perda de tradições e saberes, violência e transmissão de doenças pelo contato com não indígenas ou missionários religiosos. Ao contrário da situação vivida no início do movimento, nas décadas recentes vem surgindo uma série de lideranças bem informadas e preparadas para conduzir um diálogo com uma sociedade que em grande medida ainda é insensível aos seus apelos.